Patrick Granja
Na tarde do dia 13 de agosto, depois de violenta operação conjunta das polícias civil e militar na favela da Coréia, zona oeste do Rio de Janeiro, moradores da comunidade, revoltados, saíram às ruas reivindicando justiça para os policiais que assassinaram o jovem Fabiano Nascimento Duarte, de 16 anos.
Segundo a população local, Fabiano não tinha envolvimento com o tráfico de drogas e fora baleado por agentes da polícia civil que contraditoriamente, alegaram que o jovem sozinho e armado com uma pistola, teria trocado tiros com o grupo de invasores, formado por 150policiais fortemente armados. A adventícia versão da secretaria de segurança pública foi confirmada fervorosamente pelo monopólio dos meios de comunicação, que publicou em suas manchetes “Polícia mata um bandido, apreende carros, motos e armas na favela da Coréia” (O Dia). Exame de balística, autópsia cadavérica, perícia no armamento usado pelos policiais, assim como nenhum outro tipo de investigação foi feita para comprovar a suspeita versão dada pela polícia para os fatos que aterrorizaram o povo do bairro de Senador Câmara e da favela da Coréia na tarde de ontem.
Indignada, a mãe de Fabiano partiu para cima dos policiais, que nem sequer respondiam suas perguntas. Solidários à dor da família do adolescente, e revoltados com sua morte, após a operação, moradores realizaram protesto e tentaram atear fogo a um ônibus, mas foram novamente reprimidos pela PM.
Não é de hoje que a polícia assassina de Sérgio Cabral promove o pavor na favela da Coréia, assassinando jovens, que na maioria dos casos, depois de executados sumariamente, são sepultados como criminosos. No dia 4 de fevereiro desse ano, depois de operação que contou com mais de 300 policiais da Delegacia de Repressão às Armas e Explosivos (Drae), doze homens foram mortos com vários tiros, muitos deles portando documento de identidade e sem passagem pela polícia. Mesmo assim, para a assessoria de imprensa da secretaria de segurança pública e o monopólio dos meios de comunicação, todos eram criminosos.