quinta-feira, 5 de maio de 2011

Tortura sai dos porões – sinal dos tempos

Luiz Carcerelli


Que o USA sempre usou, estimulou e ensinou a tortura não é novidade. O que não é exatamente novo, mas incomum, é assumi-la publicamente e justificá-la. É o que mostra uma matéria publicada hoje no Estado de São Paulo sob o título “Falcões voltam a defender uso de 'tortura'”. Abaixo reproduzimos alguns trechos.

"Os EUA não torturam", afirmou Obama, um dia após ser eleito, na cerimônia em que assinou a proibição do uso dos "métodos reforçados de interrogatório."

E mais abaixo,

"Claro que valiosas informações foram obtidas nesses tipos de interrogatório", disse Leon Panetta, diretor da CIA em entrevista à CBS, falando das “confissões” obtidas de prisioneiros brutalmente torturados de Guantânanamo e outras câmaras clandestinas ianques espalhadas pelo mundo. "Acho que a questão que todo mundo sempre debate é se esse procedimento deve ou não ser usado para extrair informações. Francamente, é uma questão em aberto."

Ideólogo da tortura no governo Bush e professor de Direito da Universidade da Califórnia, John Yoo voltou a justificar a prática, dizendo que ela foi "fundamental" para rastrear Bin Laden. "Obama pode levar o crédito, corretamente, pelo sucesso da operação. Mas isso foi graças às duras decisões tomadas pelo governo Bush", escreveu Yoo à revista National Review. "Os democratas criticaram Bush por ter excedido seus poderes e violado a Carta de Direitos."

Setores militares dos EUA igualmente defendem a tortura, mesmo que a prática ilegal poupe as vítimas de serem processadas. Foi o que aconteceu ao saudita Maad Al-Qahtani, suspeito de ter sido o 20º sequestrador dos aviões usados no 11 de Setembro, ao mauritano Mohamed Ould Salahi e a boa parte dos 170 prisioneiros de Guantánamo” (o grifo é nosso).

Sinal dos tempos


Sabedores de que a crise se aprofunda, de que os povos se levantam e que sua posição se torna cada vez mais insustentável, os imperialistas passam a divulgar essas práticas hediondas como senha para os gerenciamentos títeres espalhados pelo mundo, afinal, o que é bom para o USA é bom para a Índia, para a Colômbia, para o Peru, para a Síria e para Brasil...

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