segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Comício da Revolução Agrária em Pernambuco

No dia 30 de janeiro a Liga dos Camponeses Pobres – Nordeste realizou seu primeiro Comício da Revolução Agrária em Pernambuco. Mais de 70 camponeses ergueram bem alto as bandeiras vermelhas da Liga em passeata pela cidade e vilarejos de Lagoa dos Gatos. Faixas com os dizeres “Viva a Revolução Agrária”, “Abaixo o oportunismo do governo Lula/FMI” e “Viva a aliança operário-camponesa” abriam a manifestação. Na retaguarda, motociclistas e fogos de artifício anunciavam em cada vilarejo a chegada dos camponeses pobres em luta. Estudantes de Maceió e Recife, integrantes do Movimento Estudantil Popular Revolucionário participaram do bonito e organizado protesto.

O primeiro ponto de parada da manifestação foi no Fórum da cidade para exigir a libertação de Fábio Paraíso da Luz, preso injustamente desde julho passado. Os camponeses demonstraram que não descansarão enquanto o companheiro não for solto! Todos gritaram indignados “Liberdade já, para o nosso companheiro!”. Demonstrando mais uma vez o caráter de classe burguês e latifundiário deste Estado a polícia rapidamente chegou para impedir os camponeses de entrarem no Fórum. Uma carta exigindo a libertação de Fábio foi entregue e, principalmente, a disposição dos companheiros de lutar até o fim pela sua liberdade ficou novamente demonstrada.

Após o almoço no acampamento Peri-peri a manifestação se reorganizou e marchou até o acampamento Riachão. Logo na saída, todos chegaram até as portas da casa grande da fazenda e os companheiros deram seu recado de que cedo ou tarde aquela fazenda será toda dos camponeses!

Seguindo o caminho, os camponeses passaram por diversos vilarejos povoados por centenas de camponeses pobres sem terra ou com pouca terra e pequenos comerciantes. A alegria e simpatia com que a passeata era recebida demonstrava o grande apoio que a Revolução Agrária tem conquistado na região. Em frente a cada conjunto de casas, famílias inteiras saiam para assistir o comício e recebiam os panfletos, que explicavam a justeza desta luta e a necessidade de unir todo o povo no campo para destruir o latifúndio. Os camponeses faziam uso da palavra, cantavam canções de luta e gritavam as palavras de ordem com muita animação e convicção.

Ao contrário dos comícios das eleições burguesas, cheios de políticos demagogos e falsas promessas, o Comício da Revolução convocou todo o povo à luta e anunciou que somente a Revolução Agrária entregará terra aos camponeses pobres! Em Riachão, onde o Corte Popular já foi iniciado, as parcelas serão entregues em breve aos companheiros e haverá uma grande festa! Sem esperar pela enrolação do INCRA e do governo, assim será feito com todo o latifúndio: tomar e cortar todas as terras! Plantar lavoura, verduras, frutas, onde antes só tinha capim ou cana! O Comício da Revolução Agrária semeou esperanças de uma nova vida e uma nova sociedade, sem latifúndio, sem miséria, sem exploração. Revigorou o ânimo e disposição para a luta dos companheiros que dele participaram, e sem dúvida, fez tremer o latifúndio da região!



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Mais um massacre no Rio, de novo na Favela da Coréia

Após nove meses da ação policial que caçou e matou 12 pessoas (inclusive uma criança de 4 anos) na favela da Coréia, no Rio de Janeiro, novamente a polícia carioca empreendeu um massacre na mesma região. Desta vez foram 10 os assassinados, que o monopólio dos meios de comunicação insiste em tachar de bandidos. Aliás, a julgar pelo tratamento dispensado pela polícia a todos os moradores dos bairros populares, bandidos são todos os pobres, submetidos à humilhação diária para completar suas já difíceis condições de vida.

Chama atenção a cobertura “ao vivo” das emissoras de televisão, que está sempre bem posicionada para a transmissão das agressões policiais, uma vez que são avisadas e convocadas com antecedência. A torpe campanha para mostrar os pobres como criminosos se completa no dia seguinte, quando as crônicas se entregam a narrativas épicas de como os “heróicos” e “abnegados” policiais enfrentaram “selvagens” e “cruéis” bandidos. Não dizem que, por exemplo, no caso de Paraisópolis, há três meses a polícia realiza uma tal Operação Saturação, que consiste no cerco e ocupação da favela por centenas de policiais que se dedicavam a humilhar e agredir a população pobre encravada ao lado de um bairro “nobre” de São Paulo. Depoimentos de moradores de Paraisópolis dão conta de roubos praticados por policiais, agressões constantes e desaparecimentos. Daí que a justa ira da população no dia 2 não pode ser atribuída à morte de um bandido pela polícia, como querem passar por verdade o monopólio dos meios de comunicação.

O jornalista Jaime Amparo Alves, em seu blog, inicia um post assim:

Há um ditado africano direto e certo: enquanto os leões não tiverem os seus próprios contadores de história, os caçadores serão sempre os vencedores.

A cobertura do Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo - os dois jornalões da paulicéia elite desvairada – na repressão policial da manifestação dos moradores da favela de Paraisópolis na zona sul de Sampa, faz o ditado africano cair como uma luva aqui. Quem perder tempo lendo Folha e Estado verá que as notícias são contadas do ponto de vista oficial. As fotos, tomadas da posição geográfica da polícia dão a dimensão de que ponto de vista falam os jornalistas de ambos jornais. Nem uma linha, nem que seja para disfarçar, questionando a polícia sobre a morte de um morador dias antes, preso com um carro roubado em uma operação policial.

O que dizer então da Rede Globo e outras TVs. Em outro texto encontrado neste link, a autora Paula Góes publica o comentário de um leitor do blog de Paulo Henrique Amorim:

Um fato curioso: antes do choque chegar, um grupo de uns 10 policiais com alguns escudos se posicionaram em linha para avançar numa rua com os vândalos a uma boa distância bem a frente, e ali ficaram parados, e até o comentarista Percival estranhou aquela atitude da polícia, e como era horário do SPTV da Globo, coloquei a imagem da Globo ao lado da Record que transmitia o chamado “conflito” em tempo integral. Quando o SPTV entrou ao vivo, os policiais avançaram, e quando a imagem do SPTV foi cortada, os policiais recuaram correndo.

É essa a cobertura dada pelo monopólio da imprensa que tenta encobrir todos os crimes cometidos pelo Estado, o verdadeiro responsável pelas mazelas de nosso povo e que vem aprofundando a política fascista de segregação e extermínio das populações pobres. E é contra isso que se insurgem as massas, que cada vez mais se convencem de que a rebelião se justifica, uma vez que esse Estado se configura como seu verdadeiro inimigo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Revolta na favela Paraisópolis incendeia São Paulo

As cenas vistas no noticiário de todos os canais de televisão ontem mostraram mais uma revolta de uma população marginalizada (favela de Paraisópolis, São Paulo) contra a Polícia, principal instrumento de repressão utilizado pelo Estado na sua sanha de criminalizar a pobreza e manter cada vez mais as populações empobrecidas em guetos miseráveis.

É inevitável a comparação com a faixa de Gaza, senão vejamos:

Gaza: Israel bombardeia e invade a Faixa de Gaza brutalmente usando como pretexto o lançamento de foguetes por “terroristas”.

Paraisópolis: A Polícia paulista – uma das mais truculentas do mundo – invade a favela e a ocupa após “vândalos” montarem barricadas protestando contra a morte de um “bandido”.

E qual é a verdade? A verdade, que as classes dominantes e reacionárias não querem ver contada, é que tanto a Faixa de Gaza como Paraisópolis padecem ha décadas com intermináveis agressões, achaques, humilhações, perseguições, assassinatos, encarceramento, torturas e outras atrocidades. O monopólio dos meios de comunicação e os agressores precisam a todo momento desqualificar tanto os palestinos como os moradores de favelas, taxando-os de terroristas ou, como no caso de ontem, bandidos e vândalos.

Esse Estado, Polícia e imprensa podres tentam a todo custo esconder que o que aconteceu ontem em Paraisópolis foi o transbordar do copo que vem sendo cheio gota por gota há muitos anos, e que essas revoltas populares são a resposta da população à ação de um Estado que vem se dedicando com quase exclusividade à repressão, entreguismo e corrupção.

É preciso ainda atentar para a localização da favela de Paraisópolis, ao lado do “elegante” bairro do Morumbi. Evidentemente os decadentes moradores do Morumbi devem ser protegidos dos vândalos que habitam o terreno vizinho, desvalorizando suas mansões.

O que vemos é a repetição da mesma tática aplicada pelo Estado em todo o Brasil: A constante e reforçada criminalização da pobreza, o incremento do Estado policial, visando a segregação cada vez maior das classes empobrecidas e perigosas para eles. Essa é uma demanda tanto do imperialismo como das classes dominantes nativas, que para manter e aprofundar sua dominação recorre a métodos cada vez mais fascistas, como o extermínio dos indesejáveis, a retirada dos direitos do povo, o encarceramento, tortura, etc.

O maior crime é ser pobre, camponês pobre é “invasor vândalo”, vendedor ambulante é “sonegador de impostos”, e os que vendem cds não autorizados são acusados de financiar o tráfico, e o povo das favelas é todo tratado como bandido, traficante. Falam das armas usadas pelos traficantes, mas em nenhum momento questionam que são os maiores negociantes de armas e drogas no mundo, negócios que figuram entre os mais importantes e lucrativos do capitalismo.

Mas a tendência, e isso vem sendo observado há algum tempo, é que essas explosões de massas ganhem em tamanho e consciência. Que cada vez mais as classes populares se unam e forjem uma direção conseqüente para a luta pelos seus direitos usurpados, contra a repressão e contra o próprio Estado que não as representa, construindo uma verdadeira e nova democracia em nosso país.