sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Emprego x desemprego: falta emprego e sobra demagogia

Desde de dezembro do ano passado, de posse de informações do Ministério do Trabalho, o gerenciamento petista jogava aos quatro ventos o recorde na geração de empregos no Brasil. De janeiro a novembro haviam sido criadas 1,4 milhões de vagas nos vários setores de ocupação formal. Mas, a realidade derrubou o ministro do cavalo.

O total de admissões no ano passado chegou a 16,187 milhões, enquanto as demissões somaram 15,192 milhões. O mercado de trabalho encerrou 2009 com a criação de 995.100 vagas com carteira assinada, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho.

Também, no início deste ano o mesmo Ministério do Trabalho divulgou que os pagamentos de benefícios do seguro-desemprego atingiram em 2009 o valor recorde de R$ 19,57 bilhões. O número de trabalhadores beneficiados pelo sistema, que somou 7,753 milhões de pessoas, também foi considerado recorde pelo Ministro Carlos Lupi. Ele afirmou que o recorde ocorreu por causa do aumento do desemprego e também do maior valor do salário mínimo no ano passado.

Ora, o seguro desemprego é pago ao trabalhador despedido no emprego formal e, como afirmou o ministro, este número em 2009 chegou a 7,753 milhões de trabalhadores contra 995.100 de novos empregos, temos então a expressiva cifra de 6,758 milhões de tabalhadores que ficaram desempregados, mais os desempregados históricos que cansaram de procurar emprego e os qe ficaram pelo mercado informal. Sobre isso nenhuma declaração. O que vale para o gerenciamento PT-FMI é manipular informações desde que elas contribuam para a onda ufanista que artificialmente vem sendo gerada por sua central de propaganda.

Dívida pública, mentiras e mais mentiras

Aos poucos vão sendo divulgadas as estatísticas oficiais da economia brasileira em 2009. Por serem oficiais, temos todos os motivos para crer que são falsas, porque a manipulação de dados é também uma das especialidades dos experts a serviço do velho Estado.

O que chama mais a atenção, no entanto, é a cara de pau dos gerentes de turno, que passam por cima até das estatísticas oficiais para contra-propagandear progressos inexistentes e tentar ludibriar as massas com vistas a aumentar sua popularidade e sustentação. Pensam que o povo é burro, incapaz de perceber a situação em que vive, de constante empobrecimento e precarização de todas as condições de vida.

Vamos aos números:

Há tempos a gerência oportunista vem divulgando o fim da dívida externa, sobretudo o fim dos compromissos com o FMI. Dupla mentira. Primeiro, a dívida externa não foi paga, pois há muitos credores além do FMI, como bancos estrangeiros ou outros organismos internacionais de endividamento, para os quais o Brasil ainda “deve” bilhões de dólares. Segundo, o pagamento da “dívida” com o FMI não passou de manobra para continuar beneficiando os credores da dívida interna, que continua rendendo a maior taxa de juros do mundo. Ou seja, o Estado trocou dívida em dólares, mais “barata”, por dívida em real, mais cara.

Além disso, foi anunciado recentemente que a dívida pública (soma das dívidas interna e externa) do Brasil atingiu R$ 1,5 trilhão em 2009, tendo crescido R$ 100 bi no último ano. Segundo o próprio Tesouro Nacional a “estratégia” é que o Brasil feche 2010 devendo no mínimo R$ 1,6 trilhão e no máximo R$ 1,73 trilhão.

É digno de nota também que o Brasil voltou a liderar o Ranking das maiores taxas de juros do mundo. A última reunião do Comitê de Política Monetária-Copom decidiu em janeiro manter a taxa básica de juros em 8,75 %, tornando o Brasil ainda mais atraente para os capitais de rapina, que lucram aqui mais que em qualquer outro país.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Chuvas seguem castigando bairros pobres do Rio

Patrick Granja

Na Baixada Fluminense e no subúrbio do Rio, as chuvas continuam caindo com força. Depois dos danos causados a milhares de trabalhadores pobres por conta dos temporais do réveillon, as enchentes e deslizamentos de terra continuam cercando o povo que vive na região, em especial, os bairros de Duque de Caxias que margeiam o final da Avenida Presidente Kennedy.

No início de janeiro, a redação de AND esteve no Bairro Pilar, onde foi registrado o total abandono da região, cercada de canais de escoamento de esgoto que cruzam os bairros passando por valas a céu aberto. Nos períodos de chuva intensa, as valas transbordam deixando as ruas alagadas (foto), proliferando doenças, e invadindo a casa de milhares de trabalhadores, que muitas vezes, perdem tudo que têm.

Nós não temos nada aqui. Escola, hospital, creche, asfalto, saneamento, absolutamente nada. O pouco que tem, não presta, está caindo aos pedaços. Há muitos anos é assim e ninguém faz nada. Fizemos um abaixo assinado com mais de 400 assinaturas e vamos entregar para a prefeitura e o governo do estado, mas já sabemos o que vão nos dizer: que ‘a culpa é da chuva e eles não têm nada a ver com isso’ — diz a moradora Antônia Francisca, de 68 anos, moradora do bairro Pilar.

Em 25 de janeiro último, uma forte chuva caiu sobre todo o Rio de Janeiro deixando, mais uma vez, a região do Pilar, Cidade dos Meninos e demais bairros do interior de Duque de Caxias inundados pelo esgoto dos canais.

Como nas outras ocasiões, o monopólio dos meios de comunicação culpou 'a natureza' pelos danos causados pela chuva, sendo que, os verdadeiros culpados por essas tragédias são os gerenciamentos de turno, que têm olhos somente para as classes dominantes que habitam os bairros nobres da cidade, como Copacabana, onde barragens da melhor categoria e maior durabilidade foram construídas por detrás dos prédios de luxo da região do Corte do Cantagalo, protegendo-os de deslizamentos.

Passageiros se revoltam depois de nova pane nos trens da Supervia

Rio de Janeiro

Revolta contra o péssimo transporte ferroviário

Na noite de 25 de janeiro último, as fortes chuvas, que atingiram vários bairros pobres da capital do Rio e Baixada Fluminense, causaram estragos também no transporte ferroviário. Depois de uma pane elétrica na altura de Manguinhos, várias composições pararam no meio de seus trajetos e os passageiros tiveram que voltar caminhado pelos trilhos.

Na Central do Brasil (foto), o clima de revolta entre os trabalhadores aos poucos foi crescendo e a tropa de choque da PM, foi enviada por Cabral para atacar a massa que se rebelou justamente. Enormes filas foram formadas por passageiros que queriam o dinheiro de suas passagens de volta enquanto seguranças da Supervia expulsavam todos de dentro da estação.

Há mais de três horas está parado o trem em Triagem. Aí voltamos no trem. Agora foram avisar que está tudo parado lá em Gramacho e o trem não pode prosseguir. Eles tinham que nos avisar antes. Agora eu faço o quê? Fico sem emprego? — reclamou um passageiro.

Desde a privatização do transporte ferroviário os descarrilamentos causados pela precariedade estrutural dos trens e linhas férreas, já deixaram vários trabalhadores mortos e centenas de feridos. Atrasos e panes elétricas também assolam a rotina de milhares de pessoas que, todos os dias, migram de municípios do Norte e Baixada Fluminense, em horas de viagem, para trabalhar na região metropolitana.


Metrô Rio

O Apartheid de Cabral

Alguns deputados estaduais do Rio de Janeiro decidiram solicitar a abertura de uma CPI para investigar Adriana Ancelmo Cabral, mulher do gerente estadual Sérgio Cabral. Ela é sócia do escritório de advocacia Coelho, Anselmo & Dourado, que representa a empresa administradora do Metrô Rio. Vale lembrar que Cabral é responsável pela indicação dos conselheiros da agência reguladora que fiscaliza a prestação de serviços de transportes, dentre eles o metrô, que desde a inauguração da ligação direta Pavuna-Botafogo, está sendo alvo de diversas críticas. Recentemente, uma mudança divulgada como “uma melhoria” para o transporte era a reedição de uma espécie de apartheid que na prática significava a separação dos passageiros oriundos da zona Sul daqueles que vêm do subúrbio para o Centro da cidade.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Rádio Favela transmite programa feito para trabalhadores

O novo programa “Tribuna do Trabalhador” é uma iniciativa do MARRETA, como é conhecido o combativo Sindicato dos Trabalhadores da Construção de Belo Horizonte e conta com o apoio da Liga Operária e uma série de organizações populares e classistas.

A "Tribuna do Trabalhador" é transmitida todos os domingos, às 8 horas da manhã, na Rádio Favela (106,7 FM – Belo Horizonte/MG)

O ouvinte poderá participar do programa ao vivo através dos telefones:

(31) 3282 1045 e (31) 3282 0054

A "Tribuna do Trabalhador" bem como toda a programação da Rádio Favela também podem ser acompanhadas pela internet.

Acesse www.radiofavelafm.com.br e participe enviando torpedos através do site.



Resistência afegã impõe baixas à CIA

No último dia 30 de dezembro um ataque contra uma base de Chapman, localizada em território afegão, instalada nas proximidades da fronteira com o Paquistão, fez tombarem mortos oito mercenários a serviço da agência ianque de sabotagem, a CIA, deixando outros oito feridos. A CIA tentou esconder o acontecido, mas não pode impedir a circulação da notícia sobre o golpe mais letal que sofrera desde o ataque à embaixada do USA no Líbano, em 1983.

Até mais esta ação bem sucedida contra os agressores estrangeiros, a CIA reconhecia quatro baixas de agentes sob suas ordens no Afeganistão invadido. Os mortos eram funcionários da empresa ianque Development Alternatives (DAI) subcontratados pela CIA. Outros cinco mercenários desta empresa de fachada (dita “de desenvolvimento”, mas na verdade especializada em atividades contra-revolucionárias) que estavam sob o mesmíssimo regime de trabalho, por assim dizer, haviam sido mortos 15 dias antes também no Afeganistão, desta vez em um escritório da USAID (que também funciona como fachada da CIA). A DAI também paga os salários de um homem preso em Cuba no início de dezembro por atividades ilegais que exercia sob o manto do “desenvolvimento de projetos de apoio à sociedade civil cubana”, como dias depois viria a comentar seu chefe em comunicado oficial da empresa. É também a DAI quem, na Venezuela, vem gerindo os fundos milionários que Washington destina à USAID a título de “apoiar a sociedade civil e a transição para a democracia” neste país.

Ataque em Cabul aterroriza ianques e governo títere

Em 18 de janeiro último uma impactante ação da resistência paralisou o Centro de Cabul. O ataque coordenado de vários grupos guerrilheiros em alvos do governo títere deixou pelo menos 12 mortos e 71 feridos.

Este ataque da resistência, considerado o maior em um ano, ocorreu no momento em que o presidente-fantoche Hamid Karzai empossava os integrantes de seu gabinete.

Aproximadamente às 10 horas locais (3h30 de Brasília), um guerrilheiro com um colete repleto de explosivos os detonou em frente ao palácio presidencial. Esse foi o sinal para diversos grupos guerrilheiros detonarem ações simultâneas que resultaram em 6 horas de enfrentamentos contra soldados das tropas invasoras ianques e agentes das forças de repressão afegãs.

Durante as ações, um grupo de atiradores invadiu um shopping e entrou em confronto com as forças de segurança. Uma falsa-ambulância carregada da bombas explodiu quando foi parada em um posto de controle perto do Ministério da Educação. Três combatentes Talibãs resistiram heroicamente a um cerco de 3 horas em um prédio de escritórios respondendo ao fogo inimigo até serem mortos. Uma equipe de TV iraniana captou um dos ataques a bomba. A equipe gravava no momento em que militares checavam um veículo suspeito estacionado próximo a um shopping. Os militares começam a fugir desordenadamente e em seguida ocorreu a explosão a poucos metros da câmera.

A direção do Talibã, organização que compõe a resistência nacional, divulgou que os alvos principais da ação eram o palácio presidencial, o Ministério da Justiça, o Ministério das Minas e um prédio administrativo ligado ao gabinete presidencial - todos localizados no Centro da capital.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A Nova Democracia do Brasil nas páginas de Nueva Democracia do Chile

Após a grata visita dos companheiros do combativo periódico Nueva Democracia do Chile ao Brasil, foi publicada na edição de janeiro daquele jornal uma entrevista com o diretor de AND sobre a imprensa popular e democrática no Brasil.

A entrevista pode ser lida na íntegra no site de Nueva Democracia em espanhol. Assim que fizermos a tradução para o português, a disponibilizaremos em nosso blog.

Clique Aqui para ler em Nueva Democracia "Entrevista con el director de A Nova Democracia - SOBRE LA PRENSA DEMOCRÁTICA Y POPULAR EN BRASIL"

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A reedição fascista do faroeste ianque

Rio de Janeiro

“Procura-se vivo ou morto”. No dia 21 de janeiro último o Clube de Cabos e Soldados da PM do Rio de Janeiro reeditou o chamariz dos caçadores de recompensa ianques.

Um cartaz espalhado pelas ruas do Rio de Janeiro oferece R$ 5 mil para quem entregar “vivo ou morto” o responsável pela morte do sargento Wilson de Carvalho, morto a tiros na Cidade Nova, no Centro do Rio, na manhã do dia 17 de janeiro. O carro em que ele estava junto com o soldado da PM Davi de Almeida Wanzeler foi alvo de um ataque. Davi ficou ferido com um tiro na perna ao tentar fugir e Wilson foi executado dentro do carro. Informações truncadas publicadas no monopólio da imprensa falam de uma “represália ao assassinato do filho de um traficante pela PM”.

No encalço dos caveirões, das unidades de polícia “pacificadora”, dos choques de ordem, da repressão desenfreada contra o povo pobre, dessa vez o bangue-bangue.

Em palavras, o presidente do clube policial, Jorge Lobão, diz não querer que “ninguém morra”, mas coloca preço na cabeça das pessoas. Assim, a PM sanguinária do Rio busca desonerar uma parte de sua ação genocida, empregando caçadores de recompensa e matadores de aluguel que lhes apresentem as cabeças de supostos culpados em bandejas ao preço módico das recompensas oferecidas.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Direita vence a direita no Chile

Hugo R C Souza

Findado mais um teatro eleitoreiro organizado pelas elites latinoamericanas, desta feita no Chile, comprovou-se pela via das urnas farsescas que a “esquerda” oportunista se assemelha cada vez mais à direita mais reacionária. Neste último sufrágio chileno, esta realidade ficou para lá de escancarada com a “vitória” de Sebastian Piñera, financista ligado à descendência política do ditador Augusto Pinochet e dono do canal de televisão Chilevisión – parte integrante do oligopólio da mídia que opera no Chile –, sobre Eduardo Frei, candidato da situação, a despeito dos 80% de aprovação que os institutos de pesquisa locais atribuem à atual gerente do Palácio de La Moneda, Michele Bachelet.

    Foto: Pichações nas ruas do Chile denunciavam a farsa eleitoral

    Esta confluência entre a “esquerda” revisionista, detratora da luta revolucionária e adepta do sufragismo, e as velhas elites reacionárias do nosso continente fica ainda mais evidente no momento em que Piñera diz que dará continuidade às “conquistas” de Bachelet, uma vez que a palavra “conquistas” não passa de um eufemismo picareta para o que afinal compõe o programa da chamada “nova esquerda”: a adoção de políticas fascistas de repressão e precarização geral dos direitos e das condições de vida e o pronto atendimento às demandas do imperialismo. A gerência FMI-PT, que vem levando este programa a cabo no Brasil, está engolindo em seco com a eleição de Piñeda no Chile. É no mínimo um mau agouro o fato de um gerente oportunista com índices de aprovação elevados às alturas fracassar em seu esforço para fazer um sucessor e manter seu grupelho partidário empoleirado nas estruturas do velho Estado burocrático.

    Retrospectiva 2009 – Legislação e jurisprudência

    Ano no Congresso e nos tribunais foi marcado por agressões aos direitos do povo.

    Henrique Júdice

    A atuação dos órgãos dos chamados “três poderes” do velho Estado – executivo, legislativo, judiciário – foi marcada, durante o ano de 2009, pelo pronto atendimento aos interesses dos monopólios transnacionais, da burguesia burocrática, do latifúndio e, especialmente, da oligarquia financeira internacional.



    Fazendo os banqueiros felizes

    Por meio de vários decretos não-numerados, o governo autorizou a compra das corretoras Liquidez (Decreto de 14.05) e Finabank (06.08) por instituições financeiras estrangeiras. Além disso, autorizou o banco inglês Standard Chartered (11.11) e o fundo ianque Accion Gateway (mesma data) a operar no Brasil. A automotiva sueca Scania também foi autorizada a abrir um banco em território nacional (20.07). Permitiu-se também (04.09) a venda de 25% do capital da Luizacred – financeira ligada à rede varejista de móveis e eletrodomésticos Magazine Luíza – a estrangeiros. Mas a pior notícia do ano nessa área foi, indubitavelmente, o decreto de abertura de 20% do Banco do Brasil à participação estrangeira (16.09). Este decreto foi acompanhado de outro, promulgado no mesmo dia, autorizando o BB a negociar papéis em bolsas ianques – tal como foi feito com a Petrobras na administração Fernando Henrique Cardoso.



    Amazônia para os grileiros

    Apesar dos fortes protestos dos movimentos camponeses e de estudiosos e defensores da Amazônia e de seu povo, a Medida Provisória 458, promulgada pelo Executivo em 10.02, foi aprovada pelo Congresso, que transformou-a na Lei 11.952, publicada em 26.06. Essa lei permite a entrega de 175 milhões de hectares de terras públicas na Amazônia à grilagem praticada em larga escala tanto pelo latifúndio tradicional quanto pelos monopólios agroindustriais. Ela legaliza a usurpação, por esses setores, de terras pertencentes ao Estado, ampliando de 1.500 para 2.500 o número de hectares cuja posse irregular pode ser legalizada. Além de entregar patrimônio estatal em condições ruinosas, Executivo e Legislativo atentam contra os direitos dos camponeses pobres – a quem a Constituição manda que sejam distribuídas, com prioridade, as terras do Estado.



    Órfãos inválidos no desamparo

    Também em agosto, o Executivo, mediante o Decreto 6.939, do dia 18 modificou o regulamento da Previdência Social , determinando que somente terão direito a pensão do INSS, em caso de morte de seus pais, os inválidos que tenham adquirido essa condição antes de adultos. O efeito disso é deixar totalmente desamparadas milhares de pessoas que não têm condições físicas de trabalhar e sustentar-se e dependem de suas famílias para não morrer de fome.



    Sem justiça 2

    O tratamento dado pelo Judiciário aos direitos do povo não foi melhor que aquele dispensado pelos outros dois poderes: em 01.07, o Supremo Tribunal Federal (STF) editou duas súmulas vinculantes (isto é, de observância obrigatória por todos os juízes e órgãos públicos) altamente lesivas aos trabalhadores mais humildes do setor público. A de nº 16 determina que o salário-base desses trabalhadores pode ser menor que o mínimo, desde que o total (soma entre salário-base, adicionais e gratificações atinja seu valor). E a 15 estabelece que essas gratificações e adicionais devem ser calculadas não sobre o salário mínimo, mas sobre o salário-base do funcionário.

    Uma outra súmula vinculante, a 17, foi publicada em 10.11. Ela isenta o Estado de pagar juros pela demora no pagamento de suas dívidas decorrentes de condenações judiciais no período que vai do fim do processo até o efetivo pagamento (o que pode levar até dois anos).



    Sem justiça 3

    O Superior Tribunal de Justiça (STJ) não ficou atrás do STF. Sua Súmula 371, de 03.03, favorece escandalosamente as telefônicas ao adotar o balancete (figura legalmente inexistente) como critério para apuração do valor devido por elas a quem comprou ações junto com as linhas e aparelhos – o que era obrigatório até a década de 80.

    O STJ deu também três súmulas de presente aos bancos e financeiras. A de número 380 (05.05) permite-lhes cobrar dívidas que estão sendo discutidas no próprio judiciário. A 381 (mesma data) proíbe os juízes de declararem a nulidade das cláusulas abusivas em contratos bancários por iniciativa própria, sem que haja pedido expresso da outra parte (algo comum em todas as demais modalidades de relação de consumo). E a 382 (08.06) declara legítima a cobrança de juros superiores a 1% ao mês ou 12% ao ano.

    A Serasa – e, por extensão, os monopólios que dela se servem, inclusive bancos e telefônicas – também não foi esquecida pelo tribunal. Ganhou duas súmulas. A 385 (08.06) diz que não a inserção indevida do nome de alguém no cadastro de inadimplentes não dá direito a indenização por dano moral caso exista alguma outra inscrição do nome da pessoa. E a 404 (24.11) dispensa a empresa de provar, via aviso de recebimento, que notificou o consumidor por carta antes de inscrever seu nome no cadastro em questão.



    Despejos facilitados

    Para fechar o ano com chave de ouro, a Lei 12.112, de 09.12, alterou a de número 8.245, de 1991 (lei dos aluguéis) retirando garantias dos inquilinos, favorecendo os senhorios e facilitando os despejos. Aprovada a toque de caixa por duas comissões da Câmara e uma do Senado sem passar pelo plenário de nenhuma das casas, a nova lei permite ao proprietário, desde que abra mão das garantias contratuais, expulsar do imóvel o inquilino que atrasar por uma única vez e em um único dia o pagamento do aluguel ou de algum de seus acessórios (condomínio, IPTU, etc). Nos contratos com garantia, o número de vezes em que o inquilino pode atrasar o aluguel sem ser despejado passa de duas por ano para uma a cada dois anos. O prazo para saída do inquilino do imóvel, nas locações comerciais, foi reduzido de 180 dias contados do fim do processo judicial para 15 ou 30 dias (conforme o caso), contados da decisão – mesmo não definitiva – que ordenar o despejo.

    Natal sem oba-oba, Ano novo sem conciliação

    Hugo R C Souza

    O tempo passa, e a percepção que fica é a de que o povo participa cada vez menos das festas de fim de ano à moda burguesa, com “tantos estrondos, cornetas e fogos de artifício, tantas guirlandas de focos de cores, tantos perus inocentes degolados e tantas angústias de dinheiro que ultrapassam nossos recursos reais”, nas palavras do escritor colombiano Gabriel García Márquez, em texto no qual critica os “Natais pervertidos” da América Latina.

    De fato, as luzinhas natalinas parecem cada vez mais escassas, talvez não nos prédios públicos onde mandam os gerentes do velho Estado, talvez não nos postes ou nas praças, mas certamente nas casas dos trabalhadores brasileiros, neste ano especialmente castigados pela crise. Os projetos demagógicos que as elites promovem quando o ano vai chegando ao fim, como o Natal Sem Fome, vão sucumbindo à sua própria ineficácia, minguando, sendo desmascarados. Afinal, eles pressupõem uma solidariedade de calendário e de cestas básicas, aquela que a burguesia inventou e que mais uma vez foi apregoada ao longo deste último período natalino, que nada tem a ver com a solidariedade de classe que os povos trabalhadores do mundo precisam fomentar entre si.

    Na Itália, o “espírito de Natal” das classes dominantes, por assim dizer, apareceu de cara limpa no município de Coccaglio. No último mês de dezembro, a administração fascista desta cidade localizada no norte do país transalpino colocou em marcha uma operação batizada de “White Christmas” (Natal Branco), cujo objetivo não foi outro senão limpar a cidade de imigrantes “extracomunitários”, o que na prática significa latinoamericanos, africanos e asiáticos. A operação xenófoba consistiu no seguinte: até o dia de Natal a polícia bateu na porta de cerca de 400 imigrantes cujos vistos de permanência venceriam em menos de seis meses para verificar se eles haviam tomado providências para solicitar a renovação. Os que não puderam provar que já haviam tomado as providências que as autoridades resolveram exigir tiveram seus vistos revogados automaticamente.

    Na época, o ministro do Interior da administração Silvio Berlusconi, Roberto Maroni, visitou a cidade vizinha de Brescia para inaugurar um centro de detenção e expulsão de imigrantes – mais um – e não só elogiou a iniciativa do prefeito de Coccaglio, como também não se fez de rogado ao afirmar que, na Itália, o caso desta pequena cidade é a regra e não a exceção. "A operação White Christmas foi realizada em outras cidades com outros nomes e sem levantar o mesmo tipo de clamor", disse ele.

    Voltando ao Brasil, a passagem de ano também foi objeto de muita falsificação, como de praxe, com as pirotecnias de toda ordem simulando uma grande festa e escamoteando o sofrimento do povo. Mas o jornal O Globo, órgão semi-oficial da reação, começou 2010 com especial esmero na contra-propaganda enganosa. Na edição do dia 1° de janeiro, na capa, logo acima de uma grande foto dos fogos estourando no céu de Copacabana, O Globo estampou a manchete “O réveillon da pacificação”, e logo abaixo completou: “Aplaudidos pela multidão, asfalto e morro celebram a paz na chegada de 2010”.

    É o velho matutino antipovo da família Marinho aplaudindo, ele próprio, a feroz política de repressão e controle das classes populares que vem sendo levada a cabo pela administração Cabral no Rio de Janeiro a título de “pacificação” das favelas da Zona Sul carioca, além de tentar, mais uma vez, vender o peixe das elites sobre a questão dos conflitos sociais nas grandes cidades: a mentira de que o tráfico de drogas é o único problema das chamadas “comunidades carentes”, e que os traficantes são o mal a ser extirpado para que a “sociedade” capitalista siga sadia.

    Mas o povo sabe que todo o sistema de exploração do homem pelo homem está mais do que apodrecido, e que as ofensivas de repressão desencadeadas contra as massas são espasmos de um velho Estado semicolonial em decomposição. A bem da verdade, aquela machete de ano novo de O Globo, baseada em invencionices sobre uma suposta conciliação de classes, evidencia que as elites estão apavoradas com a crescente revolta do povo, com as rebeliões se avolumando, com o ânimo revolucionário que pode ser observado nas cidades e no campo de um país farto das suas elites sanguessugas que festejam sua fartura obtida a custa do suor das massas.

    sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

    Imperialismo é responsável pela tragédia do Haiti

    O terremoto no Haiti expõe novamente todas as mazelas que o colonialismo e, depois, o imperialismo trouxeram para a América e demais países pobres do mundo. Já não bastasse as agressões imperialistas ao país – a última delas em curso, com o Exército brasileiro como capataz – a natureza expôs ao mundo a miséria e a fome de um povo bravo e lutador que foi o primeiro a conquistar a independência nas Américas, mas que nunca conduziu seu destino no caminho da autodeterminação.

    Todo o monopólio dos meios de comunicação é unânime em dizer que tantos mortos, feridos e desabrigados se devem à pobreza do país, que não tem infra-estrutura, etc, etc. Seu crime consiste em dizer que os culpados pela pobreza são os próprios pobres, ou seja, as classes populares do Haiti. Aliás, a imprensa monopolista é pródiga no uso dessa tautologia para se referir ao povo. Disse a mesma coisa quando das enchentes e deslizamentos no fim do ano que deixaram dezenas de mortos no Brasil.

    O que não diz em nenhum momento é que a causa da pobreza do Haiti é a sua dominação durante séculos, mesmo depois da guerra de independência, pela França, Inglaterra e USA. Este último há décadas vem mantendo no poder tiranias sangrentas, como as de François Duvalier e seu filho, famosos pela crueldade na repressão ao povo.

    Recentemente os ianques retiraram da gerência do Estado haitiano Jean Bertrand Aristide, que até pouco tempo antes gozava do apoio irrestrito de Washington, e ofereceu às massas haitianas uma agressão militar estrangeira planejada desde seu escritório para assuntos internacionais, a ONU, e levada a cabo por tropas de vários países “chefiados” pelo Brasil.

    Hoje, após mais de 5 anos de intervenção, o que se vê é a exposição de que ao invés de levar “paz” e “reconstrução” ao país caribenho, o que o exército brasileiro levou foi apenas repressão, se dedicando a tarefas policiais. Tolo era quem acreditava que um exército reacionário poderia fazer coisa diferente de matar.

    O saqueio contínuo das riquezas do país durante séculos pelos países imperialistas, com o apoio providencial das classes dominantes nativas, é o único responsável pela pobreza e tragédia do povo haitiano, que agora se vê também arrojado à fome mais negra e se avizinha da mortandade em massa por epidemias decorrentes de catástrofes desse tipo.

    Aliás, a “grande” imprensa do mundo agora passa a denunciar expropriação de comida pela população faminta como “saque”, ou seja, todo "sentimento humanitário" das classes dominantes do mundo inteiro e de sua imprensa desaparece quando surgem as primeiras ameaças à sacrossanta propriedade privada.

    Em discursos demagógicos, membros de vários governos clamam pela ajuda humanitária internacional e comemoram a marca de 400 milhões de dólares (quase a metade do orçamento anual do Haiti). Outra vez, basta uma rápida olhadela para o orçamento militar do USA para agredir outros povos para verificar mais um crime contra a humanidade. Obama anunciou 100 milhões de dólares em ajuda ao Haiti, ao passo que seu orçamento militar remonta, oficialmente, a 680 BILHÕES de dólares.



    P.S.: alguns leitores nos alertaram para um erro político quando o texto faz referência a que um exército só pode mesmo é matar. Essa é tarefa dos exércitos reacionários, dos países imperialistas ou de exércitos genocidas como o do Brasil, com um Estado semicolonial sempre disposto a cumprir as ordens do imperilaismo. Um exército revolucionário sim, como a experiência histórica o demonstra, pode se integrar nos esforços do povo por reconstrução e desenvolvimento. O texto original está corrigido.

    terça-feira, 12 de janeiro de 2010

    Estado fascista ataca imigrantes no sul da Itália

    Patrick Granja

    Nos dias 9 e 10 de janeiro o gerenciamento fascista de Silvio Berlusconi expulsou mais de mil trabalhadores imigrantes africanos e seus descendentes de suas casas e empregos enviando-os às prisões exclusivas para imigrantes, verdadeiros campos de concentração mantidos pelo Estado fascista italiano.

    Esta nova investida do primeiro-ministro italiano — um dos principais emissários dos ataques a imigrantes que assolam a Europa — deu-se após uma massiva rebelião popular desencadeada na região de Rosarno, em resposta a um ataque com uma arma de chumbinho feito contra um imigrante identificado como 'Togo'. A polícia suspeita que um grupo neonazista tenha ferido o rapaz despertando a fúria de seus conterrâneos

    .

    Após este trágico episódio milhares de jovens tomaram as ruas de Calábria, no sul do país para protestar contra o crime. Vitrines de lojas, bancos e carros foram atacados pelos manifestantes com paus, pedras e coquetéis molotov. Cerca de 50 pessoas, entre policiais e manifestantes ficaram feridas nos protestos. Esta nova rebelião dos imigrantes é mostra da tenaz resistência dos mais 4 milhões de imigrantes que vivem na Itália aos incessantes ataques do imperialismo europeu contra os trabalhadores estrangeiros.

    No domingo (10), também em Rosarno, outros milhares de imigrantes perderam suas casas após novos ataques do gerenciamento de Berlusconi. Os trabalhadores que vivem na região, sendo a maioria africanos e descendentes de africanos. Para o Estado fascista não basta que os imigrantes sejam sujeitos a todo tipo de exploração e opressão pelo patronato italiano que lhes impõe uma penosa rotina de super-exploração e uma situação desumana de habitação e sobrevivência.

    Estudantes enfrentam PM em protesto contra aumento das passagens

    São Paulo



    Rafael Gomes

    No dia 7 de janeiro último cerca de 300 estudantes foram às ruas e enfrentaram a PM em protesto contra o aumento das passagens de ônibus. Atendendo ao chamado do prefeito Gilberto Kassab, a PM invadiu o Terminal Dom Pedro e, com sua costumeira truculência, disparou balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral contra os manifestantes e a população que se encontrava no local. Três manifestantes foram detidos durante o protesto.

    Adotando a política escusa de aumentar as passagens do transporte no período de férias escolares para evitar grandes protestos, a gerência Kassab elevou em 17,4% o preço das tarifas. Com esse aumento, o valor das passagens urbanas passaram de R$2,30 para R$2,70; o valor da integração ônibus-metrô subiu de R$ 3,65 para R$ 4,00. O morador da capital que utilizar, em média, duas integrações por dia, gastará R$ 240,00 em um mês, o que representa quase a metade do salário mínimo. No rastro do monopólio das empresas de ônibus, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e as empresas de ônibus intermunicipais anunciaram que também reajustarão o valor de suas tarifas.

    quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

    Telhado de vidro

    Há tempos temos denunciado a política de clientelização da população mais empobrecida do Brasil por programas oficiais de fornecimento de esmolas. O bolsa família (bolsa esmola), tão alardeado pela gerência FMI-PT como obra sua - na verdade herdado e incrementado da gerência Cardoso - vem sendo descaradamente usado como formação de novos currais eleitorais petistas onde antes dominavam outros coronéis, de forma mais simples e grotescas, como a compra pura e simples de votos ou mesmo a coação.
    Este tipo de atuação do velho Estado nada mais é que a corporativização de uma grande parte da sociedade, assim como já ocorre com alguns movimentos ditos "sociais" e sindicatos atrelados ao Estado por meio das centrais pelegas, agora oficializadas. Tal corporativização é uma das principais características do fascismo, assim como a militarização, a perda de direitos pelo povo e o incremento da repressão contra os trabalhadores e classes populares.
    Nada disso é novidade para o Sr Luiz Inácio, mas não impede que em seus demagógicos discursos popularescos negue o que dizia anos atrás (mesmo sem convicção, porque usa os mesmos estratagemas).
    O vídeo abaixo é bem ilustrativo da "metamorfose" de Luiz Inácio do que ele definitivamente não era para o que hoje faz com prazer.