segunda-feira, 14 de abril de 2008

Acampados da fazenda Catâneo relatam 30 desaparecidos

Jaru, 11 de abril de 2008

Atualizada em 06/05/08
Veja reportagem completa sobre o ataque aos camponeses em
A Nova Democracia 42

O acampamento Conquista da União, localizado próximo à cidade de Campo Novo-RO, foi atacado na manhã do dia 9 de abril por cerca de 100 jagunços fortemente armados, com coletes a prova de balas, coturno e capuz preto. Os camponeses saíram correndo sob disparos, deixando todos seus pertences para trás. Após expulsarem as famílias, os pistoleiros queimaram barracos com roupas, documentos pessoais e mantimentos e a polícia apreendeu depois cerca de 20 motos que ficaram no acampamento destruído.

O acampamento não é dirigido pela Liga, mas independente disso, apoiamos toda e qualquer luta camponesa e do povo por uma vida digna de trabalho, terra, justiça e nova democracia e contra mais de 500 anos de exploração, massacres e injustiças no nosso País.

Ainda na quarta-feira, recebemos vários telefonemas denunciando o ataque covarde e alguns companheiros que sobreviveram conseguiram chegar até a sede da Liga em Jaru confirmando as informações. Denunciamos imediatamente a grave situação a vários órgãos de imprensa e entidades populares. Também repassamos o relato de camponeses que foram expulsos do local de que cerca de 15 pessoas teriam morrido no acampamento pelas balas dos jagunços, o que também havia sido denunciado em vários meios de imprensa de nosso estado.

Assim que foi possível, também verificamos in loco a situação da área. No momento, os acampados estão na linha 02 próximo à BR 421, dormindo no relento, só com a roupa do corpo e se alimentando graças à ajuda de moradores do local, solidários com os camponeses. Eles confirmam o fato que já havíamos denunciado e ainda informaram que do dia 9 para o dia 10 uma caminhonete da fazenda movimentou-se a noite toda no local onde era o acampamento. É possível que estivessem pegando corpos para esconder em outro local, assim como fizeram em Santa Elina, logo após o massacre de 1995 para não deixar pistas do verdadeiro número de camponeses assassinados pelos pistoleiros e policiais a mando do latifúndio.

Alguns jornalistas foram até a área do acampamento Conquista da União para acompanhar a situação, sendo que alguns deles foram recebidos com hostilidade pelos pistoleiros da fazenda, como relatou o próprio Roberto Gutierrez, da Folha de Rondônia.

Outra situação estranha é que, mesmo com todas as denúncias e com os tiros tendo sido ouvidos a vários quilômetros de distância, a polícia só compareceu no local no dia 10 às 16 horas. E mesmo assim os policiais que compareceram no local foram os membros da polícia ambiental que trabalham dentro da fazenda Condor e que são conhecidos na região pelos abusos cometidos contra a população da região, em especial aos camponeses sem-terra.

Até agora nenhum corpo foi encontrado, mas os camponeses sobreviventes do ataque dizem que existem até 30 pessoas desaparecidas. Este número não é preciso, pois os camponeses se espalharam enquanto fugiam do ataque. Ainda não podemos afirmar com certeza que houveram mortes, mas também não podemos afirmar que não houve nenhuma. A região de Buritis tem um histórico de massacres e ataques de pistoleiros a mando de latifundiários contra camponeses e nas últimas semanas a campanha difamatória de setores vendidos da imprensa nacional e estadual nos indicam a tentativa de prepararem a opinião pública para um aumento da repressão e até a execução de um massacre contra os camponeses pobres em luta pela terra.

Discordamos veementemente das afirmações de alguns veículos de imprensa que querem insinuar que “não foram achados mortos, portanto está tudo bem”.

Perguntamos se está tudo bem que pistoleiros invadam acampamentos queimando pertences do povo, atirando para todos os lados?

Rechaçamos também outra mentira de que o ataque foi disputa entre próprios camponeses.

Estamos todos alertas. Muitas dúvidas ainda não foram esclarecidas. A situação do campo em Rondônia é muito grave. As calúnias e difamações na imprensa contra os camponeses e a LCP seguem em curso no estado.

Mas por outro lado, temos recebido apoio de entidades e democratas de todas as partes do país.

Conclamamos a todos verdadeiros democratas a se unirem contra a campanha de difamação e repressão ao movimento camponês em Rondônia e pela punição imediata dos autores de mais esta ação covarde do latifúndio.

INVESTIGAÇÃO IMEDIATA DOS DESAPARECIMENTOS NA FAZENDA CATÂNEO!
LUTAR PELA TERRA NÃO É CRIME!
TERRA PARA QUEM NELA TRABALHA!

LCP – LIGA DOS CAMPONESES POBRES DE RONDÔNIA

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Latifúndio promove novo massacre em Rondônia

Na manhã desta quarta-feira, 9 de abril, cerca de cem homens encapuzados invadiram o acampamento Conquista da União, no município de Campo Novo, em Rondônia, e abriram fogo contra os camponeses. Os pistoleiros estavam encapuzados, com coletes a prova de balas e fortemente armados. Suspeita-se da participação de policiais na ação contra os camponeses.

Os primeiros relatos dão conta de 15 camponeses mortos (ainda não confirmados), inclusive uma mulher grávida, nesta nova barbárie cometida contra os camponeses pobres do estado. Os barracos foram incendiados junto com todos os pertences das famílias e inclusive cerca de 20 motos foram queimadas. A preparação desse novo massacre vinha sendo denunciado frequentemente pela Liga dos Camponeses Pobres, que apontava todos os preparativos feitos pelos latifundiários, assessorados pelas forças de repressão do velho Estado. Inúmeros panfletos, boletins e notas à imprensa foram enviados para os órgãos de imprensa, Ouvidoria Agrária e outras instituições. Esta era uma barbárie anunciada e nenhuma “autoridade” tomou qualquer atitude para evitá-la.

A grande campanha no monopólio dos meios de comunicação visando criminalizar o movimento camponês da região teve finalmente o desfecho que o latifúndio e as demais classes reacionárias desejavam. IstoÉ, Folha de Rondônia e outros veículos, o governador Ivo Cassol, a Polícia de Rondônia e os latifundiários do estado são os responsáveis por mais este crime contra o povo. As freqüentes e falsas acusações de que a Liga dos Camponeses Pobres fazia treinamento de guerrilha, possuía grande quantidade de armamentos e era composta por terroristas servem para tentar desmobilizar o apoio às famílias de camponeses pobres em luta pela terra na região e orientar a ação do Estado para a repressão aos trabalhadores. Se os camponeses estão assim tão treinados e armados, porque não responderam ao fogo dos jagunços?

Por telefone, a reportagem de AND ouviu denúncias de um camponês de que o tiroteio foi ouvido até a noite e que a polícia foi avisada desde ontem e até agora, 12 hrs, não se dirigiu ao local, o que facilita a ocultação dos cadáveres, uma vez que os jagunços ainda estão no local. As famílias que conseguiram fugir estão acampadas apenas com a roupa do corpo na cidade de Buritis. Outras permanecem às margens da RO 421, rodovia estadual que passa perto do local.

O acampamento ficava na fazenda Catâneo e não era dirigido pela Liga dos Camponeses Pobres, mas este movimento solidarizava com a luta dos camponeses que tomaram a fazenda independentemente de qualquer movimento.

Numa clara tentativa de esconder os fatos, a secretaria de defesa do estado de Rondônia convocou uma entrevista coletiva às 10h de hoje, quando negou que a ação dos pistoleiros tenha ocorrido e que tudo não passa de boatos.

Há ainda informações de que forças do Exército e da Força Nacional de Segurança se dirigiram para a localidade de Jacinópolis para a repressão ao movimento camponês da região, principalmente à Liga dos Camponeses Pobres.

Entidades populares, de defesa dos direitos humanos, jornalistas honestos estão se dirigindo para o local para documentação do fato e realização de ampla denúncia no Brasil e no exterior, para que se conheça a ação do Estado criminoso contra os camponeses.

Mumia Abu Jamal terá novo julgamento

Igor Chaves

Na última semana de março deste ano, a Corte Federal de Apelações anulou a sentença de morte do jornalista e militante do grupo Panteras Negras Mumia Abu Jamal, convertendo-a em prisão perpétua. O Tribunal de Apelação dos Estados Unidos deu um prazo de três a seis meses para o estado da Pensilvânia tomar um decisão sobre o futuro do jornalista e ativista do movimento negro: a pena de morte ou a prisão perpétua. A defesa alega inúmeras irregularidades no processo.

Com o julgamento cercado de várias imprecisões no processo, a execução foi suspensa em 2001 uma vez que o tribunal considerou inconstitucional a exclusão de jurados negros, a constatação de instruções duvidosas ao réu, além de utilização de testemunhas pouco confiáveis.

Jamal foi preso em 9 de dezembro de 1981 e condenado em 1982, sob a acusação de ter assassinado o oficial de polícia Daniel Faulkner, na Filadélfia quando interveio para socorrer seu jovem irmão, que estava sendo terrivelmente espancado por Faulkner. Ele dirigia se táxi quando viu a cena. No curso da briga, havia um outro homem, não identificado. Resultado: confusão, gritos e disparos. Quando outros policiais chegaram ao local, Jamal estava ferido e Faulkner morto. As testemunhas admitiram ter presenciado o homem não identificado – que nada parecia com Jamal – fugir do local.

Ao longo de duas décadas, uma initerrupta batalha judicial foi desencadeada, cercada de apelos por um julgamento justo e transparente. Mas mesmo com a verificação de irregularidades no processo estendido há décadas, a data de execução costuma ser marcada e, por conseguinte, suspensa.

Milhares de protestos ocorreram no mundo todo exigindo a libertação e novo julgamento de Abu Jamal, um preso político claramente vítima de uma armadilha. Também jornalista, Jamal jamais se furtou de atacar o poder, mesmo sob cárcere.

O Comitê Internacional de Amigos e Família de Mumia Abu-Jamal (ICFFMAJ) realizou uma conferência de imprensa e manifestação na Filadélfia para expressar seu repúdio ao novo julgamento para Mumia pelo Tribunal Federal de Apelações. De acordo com o comitê, será convocada uma grande marcha na Filadélfia em 26 de abril para recusar as opções de prisão perpétua ou morte.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

ATO NA UNIR DENUNCIA PERSEGUIÇÃO A CAMPONESES

Nesta sexta-feira, 04 de abril, às 09:30 no Campus da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) será realizado "Ato contra a criminalização e repressão ao Movimento Camponês". O evento organizado pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO), terá a participação de inúmeras Entidades classistas, de Direitos Humanos, estudantes e intelectualidade. A Universidade Federal de Rondônia será representada pela Vice-Reitora da UNIR, Profª Drª Ivonete Barbosa Tamboril e pela Pró-Reitora de Extensão, Assuntos Comunitários e Estudantil Profª Josélia Neves.Confirmaram presença ao ato inúmeros sindicatos, dentre eles o ANDES - Sindicato Nacional dos Docentes, ADUNIR - Seção Sindical do ANDES e Sindicato dos Previdenciários de Rondônia (SINDSPREV), Sindicato dos Técnicos da UNIR (SINTUNIR), além de uma vasta representação de entidades estudantis. Entre ativistas e entidades confirmaram presença o Núcleo de Advogados do Povo (NAP), o Comitê Popular de Lutas, além de inúmeros intelectuais e ativistas.

Por iniciativa do Advogado Padre Afonso Chagas (CPT), uma das proposições do Ato será a constituição de uma comissão ampla para se dirigir às áreas da fictícia guerrilha, para averiguar a situação dos camponeses e recolher depoimentos sobre a perseguição de pistoleiros e jagunços na região de Jacinópolis. Outra iniciativa, segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE-UNIR), será o lançamento de uma Carta Aberta assinada pelas Entidades presentes, e inclusive com a assinatura de personalidades reconhecidas a nível nacional e internacional.

É prevista também uma ampla campanha de denúncia contra a "campanha difamatória de setores da mídia e latifúndio que atacam os camponeses". O cartaz do evento está disponível na página da UNIR (www.unir.br), além do convite ser estendido a toda imprensa estadual e para organizações nacionais e internacionais. Há uma campanha de solidariedade sendo que as manifestações por e-mail deverão ser enviadas para os seguintes e-mails: cebraspo_ro@yahoo.com.br e cebraspo@uol.com.br.

Fonte: Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos