terça-feira, 21 de junho de 2011

Entrevista com a viúva do trabalhador assassinado por PMs da UPP no Pavão-Pavãozinho


No Rio de Janeiro, a militarização levada a cabo pelos gerenciamento de turno através das UPPs mostrou, mais uma vez, sua verdadeira serventia: oprimir e criminalizar a pobreza. Na madrugada do dia 12 de junho, o jovem morador do morro Pavão-Pavãozinho, André Ferreira, de 19 anos, foi baleado e morto por policiais da UPP do local. Como de praxe, dias depois, o comando da unidade se pronunciou em defesa dos assassinos e disse que André teria atirado contra os policiais. A versão foi por terra dias depois, quando a família do rapaz provou que ele trabalhava, não usava drogas e não tinha envolvimento com o tráfico. Segundo a sua esposa, grávida de 8 meses, o casal teria se mudado do bairro Jardim América para o morro Pavão-Pavãozinho fugindo da opressão do tráfico.
Quando nossa equipe de reportagem esteve no local, vários militantes prestavam solidariedade à família de André. Entre eles, estava a moradora do morro do Cantagalo, Deise Carvalho, que em 2009 teve seu filho Andreu espancado até a morte por agentes penitenciários de um presídio para jovens menores de 18 anos.

UPP: Inúmeros abusos no rastro da militarização no Rio de Janeiro

Jovem assassinado trabalhava desde os 16 anos
Enquanto a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) avança sobre o morro da Mangueira e favelas vizinhas, em outras já militarizadas, cresce o clima de terror frente à presença permanente da PM. Na madrugada de domingo, dia 12 de junho, no morro Pavão-Pavãozinho, o comerciante André de Lima Cardoso Ferreira , de 19 anos, foi baleado por policiais da UPP e faleceu horas depois no hospital Miguel Couto. Sua mulher, de 16 anos, grávida de 8 meses, desesperada, procurou a ativista Deise Silva de Carvalho, que teve seu filho Andreu Luís torturado até a morte por seis agentes do Degase (Departamento Geral de Ações Sócio-educativas), no interior do CTR — Centro de Triagem, em 2009. Militantes da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência também estiveram no local e ajudaram a famílias do rapaz a buscar a justiça.
O monopólio dos meios de comunicação, como de praxe, fez coro com os porta-vozes do gerenciamento de Sérgio Cabral defendendo os policiais que assassinaram o rapaz. Segundo o comando da UPP, o rapaz estaria armado e teria disparado contra os PMs. Contudo, dias depois, a assessoria de imprensa do supermercado Carrefour se pronunciou dizendo que André era seu funcionário. Quando esteve no local, nossa equipe checou a carteira de trabalho do rapaz e constatou que, desde os 16 anos, André trabalhava de carteira assinada.
Quando nós chegamos no hospital, ele estava sem roupa. O celular dele sumiu, os documentos dele sumiram. Se ele estava armado, deu tiro, porque os PMs não registraram o que aconteceu? A gente estava voltando pra casa e eu fui subindo o morro enquanto ele comprava um lanche pra mim. Dez minutos depois, tocaram lá em casa dizendo que ele tinha sido baleado. Um taxista socorreu ele, porque os PMs deixaram ele lá, sofrendo. Não aceito que digam que ele era bandido. A gente morava no Jardim América e viemos pra cá fugindo disso. A gente achava que morro com UPP era mais tranquilo para criar nosso filho, mas nos enganamos. Meu marido era trabalhador e agora eu terei que criar esse filho sozinha — protesta a viúva.
Segundo moradores que não quiseram se identificar, André teria sido abordado por PMs que, fazendo jus ao toque de recolher, gritaram com o rapaz e o xingaram por estar na rua durante a madrugada. O rapaz bateu boca com os policiais. Depois de liberado, André teria recebido um tiro nas costas dos PMs que, além de tudo, o deixaram agonizando no local.
No morro do Tuiuti, em São Cristóvão, a chegada da UPP deixou os moradores apreensivos. Na noite de sexta-feira (17), nossa equipe recebeu várias ligações de moradores denunciando inúmeros abusos cometidos por PMs no primeiro dia de militarização. Um jovem de 12 anos, dependente químico, usuário de crack, teria sido espancado por policiais e só não faleceu porque foi socorrido por moradores. Mototaxistas e jovens foram agredidos e interrogados pelos PMs. Ainda segundo as denúncias, várias casas foram reviradas e tiveram seus portões arrombados.

sábado, 18 de junho de 2011

UPP no Tuiuti: polícia chega trazendo o terror

Na tarde desta sexta-feira, policiais do Batalhão de Choque (BPChoque) da PM fizeram uma operação no Morro do Tuiuti, em São Cristóvão,  zona Norte do Rio, para reconhecer parte da comunidade que fica próxima ao morro da Mangueira. A comunidade vai receber a 19ª Unidade de Polícia “Pacificadora” (UPP) no próximo domingo.
Momentos após a invasão policial, moradores já denunciavam abusos cometidos pela PM. Um morador da comunidade entrou em contato com a redação de AND denunciando que, por volta das 16h, um menor viciado em crack foi espancado por policiais e casas foram arbitrariamente invadidas e saqueadas pela PM.
O morro da Mangueira também vai ser ocupado nos próximos dias por forças do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque para a instalação da 18º Unidade de Polícia “Pacificadora”.
Em breve, AND fará uma matéria mais detalhada sobre a ocupação da Mangueira e do Tuiuti.

RJ: Divulgação da imprensa popular nas greves dos professores e bombeiros

Desde a metade do mês de maio, o comitê de apoio ao jornal A Nova Democracia do Rio de Janeiro esteve presente nas manifestações grevistas dos bombeiros e professores da rede pública estadual, divulgando o jornal e prestando apoio às greves dos servidores. Ao todo, mais de 2 mil exemplares do AND foram distribuídos nos atos de rua e assembléias das categorias. Os apoiadores do jornal no Rio participam ativamente da efervescência política que vem sacudindo a cidade. Nos primeiros dias do mês de junho, o comitê de apoio, junto com a equipe de reportagem do jornal, marcou presença nas manifestações e atividades grevistas, que foram praticamente diárias.
Na tarde de hoje, 17 de junho, durante a passeata dos professores da rede pública, o comitê de apoio voltou a realizar nova atividade de divulgação do jornal para os trabalhadores. Mais de 700 exemplares do AND foram distribuídos.
Na última terça, 14/6, uma banquinha do jornal foi montada na assembléia do SEPE que reuniu mais de 2 mil professores, centenas de jornais distribuídos. No dia 10, exemplares do AND foram distribuídos na passeata dos professores que foi da Candelária até a ALERJ, onde estavam reunidos os bombeiros.
As atividades realizadas pelo comitê de apoio ao jornal A Nova Democracia são divulgadas no blog comite-anovademocracia.blogspot.com

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Novos choques entre o povo grego e a polícia


Milhares de pessoas se reuniram em Atenas, capital da Grécia, nesta quarta-feira, 15 de junho, em protesto contra o novo plano de cortes do governo. A tropa de choque da polícia entrou em confronto com os manifestantes em frente ao Parlamento, usando bombas de gás lacrimogêneo. Pelo menos 10 pessoas ficaram feridas. Os confrontos começaram depois que os manifestantes conseguiram furar o cordão policial que protegia as sedes do governo.
Essa manifestação de ontem foi parte da terceira greve geral do ano no país e a paralisação tem forte adesão nos serviços públicos, transportes e no comércio.
O gerenciamento (dito de “esquerda”) de Giorgos Papandreou, anunciou nessa quarta-feira que vai fazer “mudanças no governo para atender às reivindicações dos manifestantes”. Mais uma tentativa do governo de frear as sucessivas rebeliões populares que vêm ocorrendo na Grécia contra os planos de austeridade do FMI.

Mineirão: Copa do Mundo ameaçada

Os operários que trabalham nas obras de reforma do Mineirão decidiram hoje continuar a greve. A proposta patronal foi rejeitada por unanimidade em assembleia na porta do canteiro de obras. O consórcio que administra a obra tentou passar como concessão o simples cumprimento da lei ou seja, fornecer um banheiro descente para os trabalhadores e aceitar parcialmente reivindicação de cesta básica de 35 Kilos. Ou seja, apenas os paliativos e nada de aumento salarial. Outra assembleia foi marcada para amanhã.
 Particularmente dramática é a situação dos operários que, vindos de outras regiões do país, se encontram alojados em condições precárias, penando nas mãos de gatos. são 42 homens com apenas dois vasos sanitários, nenhum fogão e uma máquina de lavar tipo tanquinho. Como se não bastassem as precárias condições de trabalho e repouso ainda são vítimas de todo o tipo de humilhação. Ontem, segundo denúncias, foram ameaçados, inclusive, de ficarem sem o almoço caso não trabalhassem e ficaram retidos na empresa sem o transporte.

Segundo diversos depoimentos durante a assembleia, tanto das lideranças como de trabalhadores em geral a disposição é de manter a greve até que as reivindicações salariais sejam atendidas. A intransigência dos patrões em manter seus autos lucros, com preços superfaturados e baixos salários, pode comprometer a própria realização dos jogos.

Bombeiros prometem retomar protestos após impasse com gerenciamento estadual


Depois de uma semana de protestos que mobilizaram toda a população do Rio de Janeiro, o movimento dos bombeiros por melhores salários conseguiu que os 439 presos políticos fossem libertados [no último sábado (11)]. Eles foram encarcerados depois de ocuparem o quartel central da corporação e resistirem à violenta invasão do BOPE para expulsá-los do local. Uma mulher grávida, esposa de um bombeiro, teria abortado durante a confusão. Na ocasião, o gerente estadual Sérgio Cabral criminalizou o movimento em uma declaração ao monopólio dos meios de comunicação.

Dias antes da libertação, a greve foi ampliada aos profissionais da educação, que também decidiram paralisar suas atividades. Em passeata pelo Centro da cidade, os professores saudaram os bombeiros em um grande encontro das duas categorias nas escadarias da Assembléia Legislativa.

Para que os bombeiros presos fossem libertados, manifestantes acamparam na porta da Alerj durante dias. O trabalho coletivo e as doações de quem passava pelo local garantiram a alimentação dos acampados. Um abaixo assinado feito pelos bombeiros mostrava o massivo apoio da população ao movimento. Com o protesto permanente, a semana no local foi marcada por emocionantes depoimentos dos parentes dos presos políticos.

Depois da libertação dos 439 presos políticos começou uma nova batalha, desta vez, pela anistia irrestrita aos profissionais encarcerados por ordem de Sérgio Cabral. No último domingo (12), uma grande manifestação de bombeiros, professores e outras categorias reuniu 50 mil pessoas na orla de Copacabana. Em uma longa negociação na noite de ontem (14), o gerenciamento estadual não deu garantias de anistia aos presos e ainda ofereceu aos bombeiros um irrisório aumento de 5,5%. O reajuste representaria um acréscimo de apenas 50 reais nos salários dos soldados. Revoltados, os líderes do movimento prometeram tomar novamente as ruas da cidade até que o gerenciamento estadual abra mão de sua indiferença e negocie dignamente com a categoria.

Greves no Ceará e em Pernambuco

Com informações do comitê de apoio de AND em Recife

Fortaleza – CE
Sem aumento não haverá copa do mundo de futebol
Os operários que trabalham nas obras de recuperação do estádio Castelão, em Fortaleza, deflagraram greve no dia 14 de junho. Os trabalhadores denunciam atraso do pagamento dos salários do mês de maio e que são obrigados pelas empreiteiras a trabalhar aos sábados, domingos e feriados sem receber horas extras.

Recife – PE
Ônibus parados contra ganância patronal
Os trabalhadores em transportes rodoviários da Região Metropolitana do Recife deflagraram greve na meia noite do dia 15 de junho .
Na manhã do dia 15, a população, revoltada com os péssimos transportes, motivada pela paralisação, protestou no terminal Joana Bezerra.
A categoria decidiu realizar uma paralisação de 24 horas contra a intransigência da classe patronal que insistia em oferecer 5% de reajuste contra os 22% reivindicados pelos trabalhadores rodoviários.

Mais um trabalhador é assassinado no Pará

Com informações da CPT – Comissão Pastoral da Terra

No dia 09/06/2011, por volta do meio dia, foi assassinado no Acampamento Esperança, município de Pacajá, Pará, o trabalhador rural OBEDE LOYLA SOUZA, 31 anos, casado, pai de três filhos, todos menores.
 Ao que tudo indica, Obede foi executado com um tiro de espingarda dentro do ouvido, a 500 metros de sua casa. Seu corpo foi encontrado somente no sábado, dia 11, por volta das 14h, e levado para a cidade de Tucuruí, onde foi registrado o Boletim de Ocorrência Policial.
 Após seu corpo ter sido liberado para o sepultamento, já no cemitério, a Força Nacional chegou à região, suspendeu o enterro e levou o corpo para Belém para perícia. Na madrugada de hoje, 14 de junho, o corpo chegou de volta a Tucuruí, para sepultamento.
 Ainda não se sabe exatamente o motivo que provocou o assassinato da vítima. Sabe-se somente que pelo mês de janeiro ou fevereiro, Obede teria discutido com alguém que representa na região o interesse de grandes madeireiros, pelo fato de estarem extraindo madeira de forma ilegal, principalmente castanheira, que é proibido por lei e por estarem deixando as estradas de acesso ao Acampamento Esperança e aos Assentamentos da região, intrafegáveis nesse período de chuvas.
 No dia do assassinato, pessoas viram uma camionete de cor preta com quatro homens entrando no Acampamento. Os vidros da camionete estavam abaixados. Quando perceberam que estavam sendo avistados, imediatamente suspenderam os vidros. A pessoa que os viu está assustada, pois acha que pode estar correndo perigo.
 Na mesma época que Obede discutiu com essas pessoas ligadas a representantes dos grandes madeireiros da região, Francisco Evaristo, presidente do Projeto de Assentamento Barrageira e tesoureiro da Casa Familiar Rural de Tucuruí, também discutiu com eles pelo mesmo motivo. Francisco afirma que há alguns dias um homem alto, moreno, com o corpo tatuado e em uma moto estava à sua procura no Assentamento Barrageira e que, por duas vezes, já foi avistado nas proximidades de sua residência, porém em nenhuma das vezes ele lá estava.
 Francisco, assim como a pessoa que avistou os quatro homens na camionete no dia da execução do Obede, correm perigo de morte.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

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Operários da Volkswagen encerram greve de 37 dias no Paraná

No dia 10 de junho, os 3.100 metalúrgicos da Volkswagen, em São José dos Pinhais (PR), decidiram encerrar a greve que contou 37 dias de paralisação. Essa foi a maior greve no setor automotivo já acontecida no estado do Paraná. A justa mobilização dos trabalhadores obteve vitórias parciais.

A greve contemplou o pagamento de R$ 11,5 mil de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) até 2012, com uma primeira parcela de R$ 5.200 a ser paga na próxima semana. A segunda parcela, de R$ 6.300, fica para o início do ano que vem e depende de serem atingidas metas de produção.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, no período de greve deixaram de ser fabricados 22,9 mil carros e o prejuízo para a empresa chegou a R$ 1 bilhão. Na fábrica paranaense são feitos os modelos Fox, CrossFox e Golf.

Também foi acertada a antecipação da data-base de setembro para agosto, com a garantia de aumento real de 2,5% mais o INPC acumulado e o pagamento de um abono salarial de R$ 4.200.

Ainda serão concedidos reajustes salariais, conforme a faixa de ganho. Os aumentos variam de 2,5% a 5%. Quem ganha mais recebe aumento menor. Quem ganha menos tem reajuste maior. O prazo de pagamento desses reajustes também vai variar conforme a faixa salarial.

A empresa irá descontar os dias de paralisação dos operários nos salários. Mas esse desconto será parcelado: dois dias de desconto por mês. O desconto total dos 37 dias demorará 19 meses.

A guerrilha de Porecatu em livro

Neste mês de junho o jornalista Marcelo Oikawa está lançando, em Londrina, o livro para o qual realizou uma extensa pesquisa durante mais de dez anos.

A obra chama-se Porecatu, a guerrilha que os comunistas esqueceram e será um dos eventos que marcará a realização do Congresso Internacional de Agroecologia.

O livro, entre outros aspectos, dá destaque para a figura de Manoel Jacinto Correia, um cearense que, chegado ao Paraná, entrou em contato com o Partido Comunista e a partir daí vai se tornar uma das principais figuras desta luta camponesa que Marcelo Oikawa apresentará em detalhes em seu livro.

Manoel Jacinto, por sinal, é a denominação do Arquivo dos movimentos sociais do Paraná cuja criação foi uma iniciativa do advogado e escritor Laércio Souto Maior que, além de instalá-lo nas dependências da Secretaria Estadual do Trabalho com espaço para exposições e auditório franqueado para eventos do movimento social, também criou a Associação dos Amigos do Arquivo Manoel Jacinto Correia como um instrumento a mais para dar suporte às ações do Arquivo.

O trabalho do AMJC está centrado na busca da documentação e iconografia referente aos movimentos operário, camponês, estudantil e das correntes políticas do movimento revolucionário.

domingo, 12 de junho de 2011

Professores são recebidos à pauladas na Câmara Municipal de Fortaleza

Na terça-feira, dia 7, professores de Fortaleza, Ceará, bloquearam a entrada da Câmara dos vereadores, tentando inviabilizar a sessão plenária em que seria votado o piso da categoria. Os professores foram impedidos de entrar no plenário para acompanhar a sessão que redefiniria o reajuste salarial. A polícia cercou o local.

Os servidores querem a retirada da matéria da pauta de votação, alegando que não conhecem o conteúdo a ser votado. E ainda afirmam que a matéria tira o direito adquirido da categoria em relação ao piso nacional.

Na confusão, a polícia e a guarda municipal usaram spray de pimenta e agrediram os professores. Os trabalhadores impediram alguns vereadores de entrarem na Câmara.


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Mapuches chilenos completam 84 dias de greve de fome

Por Ana Lúcia Nunes

Quatro presos políticos mapuches completam hoje (6 de junho) 84 dias da greve de fome, iniciada no último 15 de março, como protesto ao julgamento parcial que receberam, à condição de preso político e a todos os vícios que envolvem o processo. Jonathan Huillical Méndez, Jose Huenuche Reimán e Ramón LLanquileo Pilquimánoram haviam sido condenados a vinte anos de prisão por uma tentativa de homicídio e o roubo a um agricultor, em 2008. Entidades de direitos humanos contestam a validada das provas e do julgamento dos mapuches.

Na última sexta-feira, 03 de junho, eles tiveram suas penas revistas pela justiça chilena. As penas foram rebaixadas para três anos, exceto a de Héctor Llaitul Carillanca, ex-dirigente da Coordenadora Arauco Malleco (movimento que organiza a luta mapuche no Chile), que foi sentenciado a quatro anos, mas antes deve cumprir outra condenação de cinco anos. O rebaixamento das penas é, sem dúvida, uma resposta às intensas manifestações que vem sendo realizadas no Chile e no exterior. Diversas organizações condenam a perseguição do Estado chileno aos mapuches. No Chile ainda vigoram leis antiterroristas da época do regime militar. No caso dos mapuches, foi usado o recurso de testemunhas sem rosto. Atualmente, há mais de cinquenta presos políticos mapuches no Chile e muitos mapuches passaram à clandestinidade para seguir com sua luta por autoderteminação.

Segundo o último informe médico, divulgado em 29 de maio, Héctor Llaitul Carrillanca, de 43 anos, perdeu 23 kg, e Jonathan Sady Huillical Méndez, de 23 anos, perdeu 21 kg. Os dois estão seriamente desnutridos. Jose Huenuche Reimán e Ramón LLanquileo Pilquimánoram estão hospitalizados e não há maiores informações sobre o estado de saúde deles. Veja a cobertura completa na próxima edição de AND.

Se isso não for fascismo...

Greve dos bombeiros do Rio

Por Patrick Granja

No último domingo, bombeiros de vários quartéis do Rio de Janeiro se reuniram nas escadarias da Assembleia Legislativa para protestar. Além do reajuste de seus salários, considerados os piores do Brasil, a categoria exige a libertação dos 439 bombeiros presos no protesto da última sexta-feira.

Cerca de 3 mil bombeiros ocuparam o quartel central da corporação no Rio de Janeiro exigindo que o gerenciamento Cabral negociasse suas reivindicações, entre elas o reajuste salarial dos atuais 950 para R$ 2 mil reais. A ocupação do quartel foi fruto do desenrolar de um movimento que já dura vários dias, porém sem nenhum avanço nas negociações devido à recusa do governo em negociar com os grevistas.

Os bombeiros e seus familiares, como forma de protesto, passavam a noite no quartel quando, por volta das 6h da manhã, cerca de 150 policiais do Bope e a tropa de choque da PM invadiram o quartel disparando bombas, balas de borracha e até tiros de fuzil.

Cléa Borges, a esposa do bombeiro Túlio Anselmo Borges Meneghelli, sofreu um aborto durante a invasão policial.

Horas depois, o gerente estadual Sérgio Cabral foi à TV e chamou os bombeiros de “vândalos e criminosos”. Declarou as ações da greve como “inaceitáveis do ponto de vista do Estado de direito democrático”. Atribuiu ao movimento motivação política e fingiu indignação ao declarar que era um absurdo os bombeiros se insurgirem contra seu governo, como se tudo estivesse sendo feito para levar as negociações a bom termo.

Sérgio Cabral, em seu discurso, acusou o movimento grevista de “prejudicar uma instituição respeitada”, mas omite o que desencadeou o movimento: o baixíssimo salário pago aos integrantes da corporação.

A atitude do gerenciamento Cabral é apenas mais uma confirmação de sua essência fascista. Ao ordenar a repressão brutal aos bombeiros e seus familiares que ocupavam o quartel, Cabral disse que “mesmo que recebessem o pior salário do Brasil”, a ocupação do quartel “não teria justificativa”. Diz isso, buscando justificar disparos de fuzil contra grevistas e seus familiares. Ataca os grevistas, acusando-os de invadir e depredar um prédio público, quando foi ele quem ordenou que a polícia abrisse fogo e lançasse bombas no interior do quartel.


Na tarde de domingo, quando a reportagem de AND cobria a manifestação dos bombeiros no centro da cidade, panos vermelhos podiam ser vistos nas janelas dos prédios saudando a luta e prestando solidariedade. Pesquisas de opinião revelam o unânime apoio da população do Rio à justa luta dos bombeiros, que seguem mobilizados e afirmam que permanecerão mobilizados até a conquista de suas reivindicações.

O ex-prefeito do Rio de Janeiro, o também fascista César Maia, postou o seguinte comentário na internet: “Depois de chamar médicos de vagabundos, Cabral chama os bombeiros de vândalos. Às mães da Rocinha propôs aborto para não gestarem traficantes. Himmler perde.” Na falta de uma melhor fonte para descrever todo o fascismo das atitudes e declarações do atual gerente de turno estadual, registramos esta pela veracidade das palavras.

Túlio Anselmo, o bombeiro cuja esposa sofreu um aborto durante a invasão policial protestou: "Não somos bichos. Não somos bandidos. Nós não apresentávamos perigo nenhum. Nosso objetivo é apenas pedir mais alimentação. Eu salvo a vida dos outros e ganho menos de R$ 1 mil para sustentar minha família. Isso não é justo. Mataram meu filho!"

Após repressão, estudantes de Vitória seguem firmes na luta pelo passe livre

Por Rafael Gomes

Na última quinta-feira, dia 02 de junho, estudantes secundaristas e universitários de Vitória, capital do Espírito Santo, realizaram uma combativa manifestação pelo passe livre no Centro da cidade, que virou um campo de batalha entre os manifestantes e os aparatos repressivos.
Logo pela manhã, os estudantes bloquearam o trânsito em frente ao Palácio Anchieta, sede do gerenciamento estadual. Uma barricada de pneus foi erguida e, em seguida, incendiada.
O BME – Batalhão de Missões Especiais da PM foi acionado para reprimir o protesto. Como de praxe, a polícia abusou da covardia lançando bombas de gás e balas de borracha.
Na parte da tarde, dando sequência às manifestações pelo passe livre e contra a máfia dos transportes, a concentração principal foi em frente a Universidade Federal do Espírito Santo. Os estudantes denunciaram que a tropa de choque chegou a lançar bombas de efeito moral dentro da Universidade.
De nada adiantou a truculência da PM e, na manhã de hoje, segunda-feira, 6/2, os estudantes não se intimidaram e fizeram nova manifestação em frente ao palácio Anchieta. A juventude capixaba promete se manter firme na luta enquanto não forem atendidas suas reivindicações.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Abusos marcam o início das remoções no Largo do Campinho

Por Patrick Granja



Na última sexta-feira, agentes da prefeitura voltaram ao Largo do Campinho, zona Norte do Rio, com um aparato de guerra para remover uma parte dos moradores. Apesar de terem aceitado a ínfima indenização oferecida pela prefeitura, moradores sofreram inúmeros abusos durante a ação. Muitos deles tiveram seus estabelecimentos comerciais invadidos e outros foram incluidos no trajeto das remoções em cima da hora. Revoltados, moradores se queixaram com os agentes responsáveis pela remoção, mas não foram ouvidos.
Depois de muita resistência, com protestos radicalizados, moradores do Largo do Campinho conseguiram forçar a prefeitura a negociar. Contudo, mesmo após um acordo unilateral, uma imposição às famílias removidas, a prefeitura não abriu mão de sua prática comum nas favelas do Rio. Quando nossa equipe deixou o local, famílias que ainda não haviam sido pagas estavam desesperadas, na chuva, sem outra opção que não dormir na rua.

Despejo em prédios do projeto Minha Casa, Minha Vida deixa dezenas de famílias na rua

Por Patrick Granja



Na semana passada, policiais federais, civis e militares participaram de uma ação de despejo em três condomínios do projeto Minha Casa, Minha Vida, em Campo Grande. Segundo a secretaria de habitação, os moradores invadiram os apartamentos. Entretanto, de acordo com outras pessoas que moram no local, os imóveis estavam abandonados, já que poucas famílias aceitam as moradias pequenas e isoladas do Centro da cidade. Contudo, os imóveis serviam de abrigo a dezenas de famílias que viviam nas ruas por diferentes motivos. Mesmo assim, não houve diálogo com os gerenciamentos de turno que mobilizaram um aparato de guerra para expulsar as famílias. Já o monopólio da imprensa, criminalizou o movimento insinuando que grupos paramilitares teriam comandado as invasões.
No segundo dia de despejos, nossa equipe também esteve no local e flagrou dezenas de famílias abandonadas na rua com seus móveis sem ter para onde ir. Segundo os moradores com situação regularizada, a prefeitura e a Caixa Econômica Federal proibem a venda ou o aluguel das moradias obrigando dezenas de famílias a viverem confinadas em uma região 60 quilômetros afastada do Centro da cidade.

Passageiros se revoltam e enfrentam a PM em terminal de ônibus de Goiânia



Na sexta-feira, dia 20 de maio, por volta das 19h, passageiros que aguardavam ônibus no Terminal Padre Pelágio, no Bairro Ipiranga, se revoltaram depois que os serviços foram interrompidos por conta de uma queda de luz. Entretanto, os trabalhadores já estavam indignados visto que, uma semana antes, as passagens sofreram um aumento de 11 % e passaram de 2,25 para 2,50. A manifestação começou depois que passageiros se reuniram na plataforma principal do terminal e deram inicio a um combativo ataque à estrtura do local. Ônibus, catracas e bilheterias foram atacadas.

Chamada para reprimir a multidão, a PM fechou os acessos ao terminal e massacrou as pessoas que estavam no local com bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Imagens da TV Record publicadas na internet mostram um grupo de PMs agredindo indiscriminadamente os passageiros com tapas, socos, chutes e golpes de cassetete. Entre eles estava um idoso. Mesmo assim, os manifestantes não se intimidaram e revidaram as agressões da polícia com pedras e pedaços de vidro.