segunda-feira, 6 de junho de 2011

Se isso não for fascismo...

Greve dos bombeiros do Rio

Por Patrick Granja

No último domingo, bombeiros de vários quartéis do Rio de Janeiro se reuniram nas escadarias da Assembleia Legislativa para protestar. Além do reajuste de seus salários, considerados os piores do Brasil, a categoria exige a libertação dos 439 bombeiros presos no protesto da última sexta-feira.

Cerca de 3 mil bombeiros ocuparam o quartel central da corporação no Rio de Janeiro exigindo que o gerenciamento Cabral negociasse suas reivindicações, entre elas o reajuste salarial dos atuais 950 para R$ 2 mil reais. A ocupação do quartel foi fruto do desenrolar de um movimento que já dura vários dias, porém sem nenhum avanço nas negociações devido à recusa do governo em negociar com os grevistas.

Os bombeiros e seus familiares, como forma de protesto, passavam a noite no quartel quando, por volta das 6h da manhã, cerca de 150 policiais do Bope e a tropa de choque da PM invadiram o quartel disparando bombas, balas de borracha e até tiros de fuzil.

Cléa Borges, a esposa do bombeiro Túlio Anselmo Borges Meneghelli, sofreu um aborto durante a invasão policial.

Horas depois, o gerente estadual Sérgio Cabral foi à TV e chamou os bombeiros de “vândalos e criminosos”. Declarou as ações da greve como “inaceitáveis do ponto de vista do Estado de direito democrático”. Atribuiu ao movimento motivação política e fingiu indignação ao declarar que era um absurdo os bombeiros se insurgirem contra seu governo, como se tudo estivesse sendo feito para levar as negociações a bom termo.

Sérgio Cabral, em seu discurso, acusou o movimento grevista de “prejudicar uma instituição respeitada”, mas omite o que desencadeou o movimento: o baixíssimo salário pago aos integrantes da corporação.

A atitude do gerenciamento Cabral é apenas mais uma confirmação de sua essência fascista. Ao ordenar a repressão brutal aos bombeiros e seus familiares que ocupavam o quartel, Cabral disse que “mesmo que recebessem o pior salário do Brasil”, a ocupação do quartel “não teria justificativa”. Diz isso, buscando justificar disparos de fuzil contra grevistas e seus familiares. Ataca os grevistas, acusando-os de invadir e depredar um prédio público, quando foi ele quem ordenou que a polícia abrisse fogo e lançasse bombas no interior do quartel.


Na tarde de domingo, quando a reportagem de AND cobria a manifestação dos bombeiros no centro da cidade, panos vermelhos podiam ser vistos nas janelas dos prédios saudando a luta e prestando solidariedade. Pesquisas de opinião revelam o unânime apoio da população do Rio à justa luta dos bombeiros, que seguem mobilizados e afirmam que permanecerão mobilizados até a conquista de suas reivindicações.

O ex-prefeito do Rio de Janeiro, o também fascista César Maia, postou o seguinte comentário na internet: “Depois de chamar médicos de vagabundos, Cabral chama os bombeiros de vândalos. Às mães da Rocinha propôs aborto para não gestarem traficantes. Himmler perde.” Na falta de uma melhor fonte para descrever todo o fascismo das atitudes e declarações do atual gerente de turno estadual, registramos esta pela veracidade das palavras.

Túlio Anselmo, o bombeiro cuja esposa sofreu um aborto durante a invasão policial protestou: "Não somos bichos. Não somos bandidos. Nós não apresentávamos perigo nenhum. Nosso objetivo é apenas pedir mais alimentação. Eu salvo a vida dos outros e ganho menos de R$ 1 mil para sustentar minha família. Isso não é justo. Mataram meu filho!"

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