domingo, 28 de fevereiro de 2010

Faleceu Walter Alfaiate: artesão do samba 'sob medida'

No último dia 27 de fevereiro, após dois meses de internação, faleceu o grande sambista Walter Alfaiate. Ele não resistiu às complicações de um enfisema pulmonar que se provocou também ineficiência cardíaca, arritmia, insuficiência renal, gastrite e esofagite, por fim a falência múltipla dos órgãos.

Com 79 anos de idade e mais de 50 anos de brilhante carreira, Walter Alfaiate compôs mais de 200 sambas. O sambista, que começou sua carreira compondo para blocos de carnaval cariocas e participando de rodas de samba de destaque, se tornou um dos grandes expoentes da cultura popular do Rio e do Brasil.

Em seu velório no dia 28, estiveram presentes seus parceiros, amigos e admiradores, que recordaram seus sambas cantados em côro. Repousavam sobre seu caixão as bandeiras da Portela, da escola Foliões de Botafogo e de seu time do coração, além do tradicional chapéu panamá.

A Nova Democracia, bem como o povo amante do bom samba lamentam profundamente a partida deste expoente da música popular brasileira.

Walter Alfaiate: sambista por vocação, alfaiate por profissão, botafoguense de coração, portelense por devoção.


Clique aqui e leia entrevista com Walter Alfaiate pulicada em A Nova Democracia na edição 40, de fevereiro de 2008.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Líder da resistência palestina foi assassinado a mando do Premiê de Israel



Rafael Gomes

Uma reportagem publicada pelo jornal britânico The Sunday Times afirma que o assassinato do líder Hamas, Mahmoud al-Mabhouh, encontrado morto no dia 20 de janeiro último num hotel em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi efetuado por um esquadrão do Mossad, o serviço de inteligência de Israel e teria sido aprovado pelo Premiê de Israel Binyamin Netanyahu.

Com informações obtidas por "fontes com conhecimento do Mossad", o jornal afirma que Binyamin foi no início do mês de janeiro ao Midrasha, sede do Mossad, em Tel Aviv, e deu pessoalmente a autorização para a operação ao chefe dos serviços secretos, Meir Dagan.

Quando do assassinato de Mahmoud, a polícia de Dubai revelou que 11 pessoas, dez homens e uma mulher, foram os suspeitos de serem os responsáveis pelo assassinato. Eles utilizaram seis passaportes britânicos, três irlandeses, um alemão e um francês. As fontes citadas pelo periódico britânico afirmam ainda que o esquadrão do Mossad chegou a treinar para a missão em um hotel de Tel Aviv sem avisar seus donos.

No dia 19 de janeiro, o comandante do Hamas embarcou no vôo EK912 da Emirates em Damasco, Síria. Segundo o Sunday Times, o Mossad havia recebido informação de que ele estaria no vôo com o pseudônimo de Abu al-Abd. O jornal relata que, assim que o avião decolou, um agente do Mossad enviou uma mensagem de celular para a equipe em Dubai. Poucas horas depois, Mabhouh foi assassinado no quarto do hotel onde ficaria hospedado. Seu corpo foi encontrado no dia seguinte e por vários dias sua morte foi tida como de causas naturais.

Esse é um exemplo de até que ponto é capaz de ir o Estado fascista de Israel na prática do terrorismo além de suas fronteiras.

Pilotos da Lufthansa iniciam maior greve da história da companhia

Os pilotos da Lufthansa, a maior companhia aérea da Alemanha, iniciaram na segunda-feira (22/2) a maior greve da história da empresa. Cerca de 4 mil pilotos aderiram ao chamado de greve da associação Cockpit (sindicato) feito à 0:00 h de segunda-feira e prevista para terminar às 23:59 h da quinta-feira (25). Quatro dias de total paralisação.

Os pilotos exigem reajuste salarial, segurança no trabalho, além de garantias para seus postos e tentam impedir que a companhia alemã contrate parte de seus vôos com outras empresas aéreas estrangeiras e com pilotos que trabalham com tarifas mais baixas.

Já na manhã do primeiro dia de greve os aeroportos de Düsseldorf, Frankfurt, Munique, Berlim e Hamburgo registravam dezenas de cancelamentos de vôos programados, que afetam principalmente as rotas internas, embora também, em menor medida, as externas. Durante toda a greve são estipulados o cancelamento de cerca de 800 vôos. Os prejuízos calculados são de 34 milhões de dólares por dia.

A crise econômica que teve seu auge em meados do ano passado e que perdura até os dias de hoje, afetando de forma aguda também os trabalhadores europeus, mostra não ter prazo para acabar. Essa greve é reflexo disso e demonstra que até os trabalhadores relativamente bem remunerados, como é o caso dos pilotos de empresas aéreas, são afetados por ela.

Peter Ramsauer, ministro de Transportes da Alemanha, tentou até o fim do domingo negociar entre os pilotos e a companhia para evitar a greve, mas não obteve sucesso.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Colômbia: Paramilitares assumem 30 mil assassinatos

Gerência pró-ianque Uribe (foto) premia integrantes
de grupos de extermínio com lei que reduz
pena daqueles que
confessarem seus crimes

No último dia 16 de fevereiro, um relatório divulgado pela Unidade de Justiça e Paz da Promotoria colombiana tornou público dados macabros sobre ações de grupos paramilitares no país nas últimas duas décadas.

De acordo com o relatório, 4.112 ex-participantes do grupo paramilitar Autodefesas Unidas da Colômbia – AUC confessaram ter efetuado 30.470 assassinatos desde o início dos anos 80 até 2003. Entre os dados adquiridos ainda são registrados 2.520 desaparecimentos, 1.085 massacres, 2.326 deslocamentos forçados, 1.033 sequestros e 1.642 extorsões. Como esses números estão inseridos na Lei de Justiça e Paz imposta pelo genocida Álvaro Uribe, e de se supor que as estatísticas reais sejam muito maiores.

Os grupos paramilitares agem na Colômbia como braço direito do velho Estado e suas forças de repressão em sua feroz perseguição às lideranças e ativistas de movimentos populares, com particular atenção às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC.

Recentemente uma famigerada Lei de “Justiça de Paz” criada pela gerência fascista de Álvaro Uribe, premia os integrantes desses grupos de extermínio relaxando suas punições caso confessem seus crimes. Após a criação de tal “Lei”, pelo menos 32 mil assassinos paramilitares já se beneficiaram com esse abrandamento concedido pelo Estado colombiano.

Morre soldado vermelho que ergueu a bandeira da vitória sobre o nazismo

Abdoulkhakim Ismailov, um dos três soldados que ergueram a bandeira soviética sobre o Reichstag (Parlamento alemão) em maio de 1945, imortalizado na fotografia histórica que retratou a derrota definitiva do exército nazista de Hittler, faleceu no dia 16 de fevereiro aos 93 anos de idade.

Ismailov ingressou no Exército Vermelho em 1939 e combateu na Batalha de Stalingrado (1942-1943) em que a URSS venceu a máquina de guerra nazista, mostrando para a Humanidade o que um povo unido e um país socialista são capazes de fazer.

Durante a Segunda Guerra, Ismailov foi ferido três vezes: em 1943 e 1944 no peito, e em 1945, na perna. Nos últimos anos de sua vida, o velho combatente soviético viveu na república russa do Daguestão, sua terra natal.



Fotografia tirada por Evgueni Khaldei

Jornalista da agência TASS. Ismailov
é o soldado que aparece ao centro.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Salão cinco estrelas para político corrupto

Rafael Gomes

Em 11 de fevereiro o Superior Tribunal de Justiça decretou a prisão preventiva do gerente estadual do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

Sua gerência, de alto a baixo, sem excluir os que foram flagrados pagando ou recebendo propinas de empresas que “venceram” licitações fraudulentas, está toda envolvida no crime.

Por fim foi a acusação de tentativa de suborno a uma das testemunhas do esquema corrupto que resultou em sua “prisão”.

Além de Arruda, outras cinco pessoas acusadas de ligação na tentativa de suborno a Edmilson Edson dos Santos, o “Sombra”, foram presas.

Por “pedido pessoal” de Luiz Inácio, Arruda está “recluso” em uma sala especial com 20 metros quadrados, ante-sala, quarto, cama de cimento com colchão, mesa com cadeira e um banheiro com chuveiro. Seus advogados terão acesso livre ao local, a qualquer hora do dia ou da noite. Essa é a punição dada a um acusado de crime de corrupção integrante do velho Estado burguês-latifundiário: salões de luxo exclusivamente destinados a políticos de sua estirpe e oficiais graduados das forças de repressão.

Algo diametralmente oposto ao quadro degradante do sistema carcerário brasileiro que enterra vivos milhares de filhos do povo que se apropriam de quantias infinitamente menores do que as do esquema de Arruda/DEM. E, enquanto o velho Estado oferece o que há de melhor para Arruda, para os manifestantes que protestam contra a corrupção em Brasília sobram cacetadas por parte de polícia.

Logo após sua “detenção”, Arruda recebeu a visita e solidariedade do chefe da Casa Militar, coronel Ivan Rocha, que declarou em tom de consternação ter “encontrado um Arruda ‘sofrido’, sem dormir e em ‘situação humilhante’”.

Ninguém consegue dormir numa situação como essa. Ele está sofrido, mas está bem. É uma situação humilhante a um chefe de governo”, disse o coronel. [noticias.terra.com.br].

Por parte do velho Estado, cenas farsescas como essas estão em voga atualmente numa vã tentativa de confundir a população, tentando passar para a opinião pública que ‘estamos num avanço da democracia, que pune políticos corruptos’. O que não podem esconder é que a maioria desses não chega a ficar uma semana sequer na cadeia, além de se privilegiarem de celas com todos os luxos possíveis, que certamente muitos trabalhadores não possuem em suas casas.

Vide as “prisões” de Paulo Maluf, Daniel Dantas, Juiz Nicolau dos Santos Neto, mensalões, “sanguessugas”, entre outros.



Esquerda: Arruda em campanha para o governo (2006) recebe maço de notas
de Durval Rodrigues / Direita: Beneficiados pelo esquema de propinas
rezam em agradecimento a Arruda.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Protestos no RJ e sul do país

Rafael Gomes

Rio de Janeiro

Barricadas contra Estado policial

No Rio de Janeiro no dia 8 de fevereiro, a população do bairro de Costa Barros, zona Norte do Rio, bloqueou as duas pistas da Estrada Rio do Pau após operação do 9° Batalhão da PM (Rocha Miranda) que deixou dois homens mortos no morro do Chapadinho. O monopólio da imprensa carioca e a PM não tardaram em criminalizar o justo protesto alegando que “segundo a polícia, [os dois homens] eram criminosos e foram baleados durante o confronto”.

Foto: Ação policial na favela da Coréia

em 2008 resultou em banho de sangue

Também no Rio,no morro Pavão-Pavãozinho, zona Sul, na madrugada do dia 8 de fevereiro, um protesto de moradores se iniciou quando a Unidade de Polícia “Pacificadora” (UPP) tentou impedir uma festa de rua exigindo o desligamento da aparelhagem de som e prendendo um rapaz. Indignados, os moradores utilizaram bombas caseiras e atearam fogo em caixotes de madeira, bloqueando a Estrada do Cantagalo, no alto da comunidade. A PM respondeu com tiros para o alto. A tia de Ewerton Bemvindo, detido pela polícia, alegou que: “Eles [os policiais] foram truculentos. Não precisavam agir com violência. O meu sobrinho não é bandido. Ele saiu do bar para pegar um DVD e acabou sendo preso, injustamente” [O Dia Online, 9/2/2010]. O rapaz foi levado a 13º DP (Ipanema) e vai responder por “desobediência e desacato”.

Baixada e zona Norte sem água e luz

Uma semana antes, no dia 1º de fevereiro, moradores da favela da Prainha bloquearam uma das pistas da Linha Vermelha, sentido Baixada, na altura de Duque de Caxias, e atearam fogo em barras de madeira, pneus e lixo. Os moradores reclamam a falta de água, rotineira na Baixada Fluminense, que já atingia a comunidade há dias.

No dia 4 foi a vez da população da favela do Arará, em Benfica, zona Norte, ir às ruas contra a falta de luz. Os moradores desceram a favela com pedaços de madeira, atearam fogo em pneus fechando a Av. Prefeito Olímpio de Melo. Não houve confronto com a polícia.


Paraná e Rio Grande do Sul

Protestos no sul do país

No Paraná, em outro protesto contra a falta de água, a população do bairro Villa Nova, em Piraraquara, incendiou um ônibus (foto ao lado) e pneus na noite do dia 8 de fevereiro. No mesmo dia, algumas horas antes, os moradores ligaram para a Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) reclamando da falta de água e a companhia teria afirmado que às 15 horas o abastecimento seria normalizado, o que não ocorreu.

Em Gravataí, Rio Grande do Sul, também em protesto contra falta d'água, cerca de de 60 pessoas bloquearam os dois acessos do Km 4 da rodovia RS-020 (foto abaixo). Segundo os moradores da região, a falta de água já durava 8 dias.


A moradora Tânia Aguiar, em entrevista para o jornal Zero Hora, afirmou que “a falta de água em bairros de Gravataí já é considerada normal” e que “uma creche comunitária depende da boa vontade dos moradores que possuem poços artesianos para seguir atendendo as crianças no local”.


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Aumento das passagens: mais um abuso contra o povo

Rafael Gomes

No último dia 6 de fevereiro a tarifa dos ônibus do Rio de Janeiro subiu de R$ 2,20 para R$ 2,35. O aumento de 6,18%. Ainda no Rio de Janeiro, as tarifas de integração dos ônibus expressos do Metrô passaram para R$ 3,70 e o Barra Expresso para R$ 3,80. Segundo a empresa “o motivo para o reajuste é o recente aumento das passagens dos ônibus municipais” (jornal O Globo de 5 de fevereiro de 2010), como se uma coisa interferisse na outra.

Também em Porto Alegre, no dia 7, as passagens tiveram um aumento de 6,25%, elevando o preço de R$ 2,30 para 2,45.

E não são apenas os ônibus que tiveram reajustes decretados. Em São Paulo, no dia 9 de fevereiro o bilhete unitário do Metrô passará a custar R$ 2,65. Uma alta de 3,9%. Já o Bilhete Único Integrado foi reajustado em 1,8%, passando de R$ 4,00 para 4,07.

Em todas as capitais do país foram decretados aumentos abusivos propositalmente nos finais de semana, nos períodos de festas de fim de ano e próximo ao feriado do carnaval com o intuito de evitar protestos e mobilizações contra essas medidas antipovo. Assim o monopólio dos transportes em conluios com as gerências municipais asseguram seus lucros exorbitantes, reforçando os cofres para o circo eleitoral que se aproxima.

A medida em que aumenta o preço das passagens, piora a

qualidade dos transportes, o salário dos motoristas, cobradores e despachantes

e os ônibus, metrôs e trens estão cada vez mais lotados.



Veja mais alguns dos preços das passagens em outras capitais:



Florianópolis (Santa Catarina) – R$ 2,20 (com cartão do transporte) e R$ 2,80 (sem cartão)

Curitiba (Paraná) – R$ 2,20

São Paulo (São Paulo) – R$ 2,30

Belo Horizonte (Minas Gerais) – R$ 2,30

Salvador (Bahia) – R$ 2,30

Fortaleza (Ceará) – R$ 1,80

Manaus (Amazonas) – R$ 2,25

Morre Pena Branca, voz altiva do sertanejo

É com imenso pesar que noticiamos a morte do inesquecível “cantadô” dos camponeses e do povo pobre, José Ramiro Sobrinho, o Pena Branca. Ele, que com seu irmão e parceiro Xavantinho compuseram e interpretaram com profundidade a vida dos trabalhadores do campo e cidade, dedicou toda a vida à viola e à legítima música caipira.

Xavantinho já havia falecido há pouco mais de dez anos. Agora parte Pena Branca. Aos 70 anos, em consequência de um infarto.

Sua voz permanecerá nas mentes e ouvidos de seu fiel público, o povo brasileiro.

Pena Branca 1939 - 2010




Clique aqui para ler artigo de AND sobre Pena Branca




segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Nos muros do RJ, 40 anos depois: Marighella presente!

Grafite assinado pelo coletivo Hip-hop Lutarmada em muro da cidade do Rio de Janeiro
em homenagem ao dirigente da Ação Libertadora Nacional - ALN, Carlos Marighella,
tombado em combate em 4 de novembro de 2009.

De Kassab aos atingidos pelas enchentes de São Paulo: cassetete e spray de pimenta

São Paulo

No último dia 8 de fevereiro cerca de 200 moradores de bairros alagados da Zona Leste de São Paulo dirigiram-se em protesto até a prefeitura para cobrar solução para os graves problemas gerados pelas enchentes decorrentes das fortes chuvas que assolam a cidade e foram recebidos com truculência pela PM.

Os moradores dos bairros do Jardim Pantanal e do Jardim Romano cobravam a presença do prefeito Gilberto Kassab, mas foram recebidos por um cordão de policiais militares que atiraram spray de pimenta e deram golpes de cassetete nos manifestantes.

Há mais de 46 dias a população de São Paulo sofre com a consequência das chuvas, particularmente os bairros mais pobres. A contagem de mortos já ultrapassa os 72, são milhares de desabrigados que perderam tudo. E quando o povo pobre se levanta em protesto, sofre mais uma vez a mais brutal repressão.



Com a colaboração permanente dos leitores do blog, vamos precisando e atualizando permanentemente nossos posts.

Por indicação do leitor Sérgio, de São Paulo, destacamos aqui que em meio a este protesto também estava um bando de oportunistas e assessores da ex-prefeita Marta Suplicy - PT, cuja gerência de turno também desprezou a grave situação das famílias do Jardim Pantanal e Jardim Romano. Caso ela houvesse se empenhado minimamente pela solução dos problemas recorrentes das inundações que surgem a cada temporada de chuvas em São Paulo, essas famílias talvez não se encontrassem nessa situação que se agrava a cada dia.



Video game de tiro ao alvo contra pobres

O governo do Amazonas adquiriu recentemente a mais nova invenção para a política de extermínio da pobreza, um vídeo game de tiro ao alvo contra pobres que servirá para o treinamento de tiro das forças de repressão.

Um dos responsáveis pela implantação do game macabro no Brasil, em entrevista publicada no portal G1 no dia 8 de fevereiro declarou: “Temos aqui um ataque à tropa americana no Iraque e no Afeganistão, mas não usamos porque não faz parte do nosso dia a dia. Mas você pode fazer uma filmagem nova porque o sistema aceita. Você pode, por exemplo, filmar uma operação policial numa favela ou num morro do Rio e instalá-la no simulador para corrigir as distorções.”
Ainda na reportagem publicada no G1, três salas de projeção idênticas à do Amazonas servirão para o treinamento de policiais civis e militares no Rio de Janeiro.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Abertura de vala comum revela genocídio na Colômbia

Rafael Gomes

Uma vala comum foi encontrada no povoado de La Macarena, situada há 200 km ao sul de Bogotá, capital da Colômbia.

Esta região é conhecida como uma das zonas mais acirradas do conflito entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC e o Exército reacionário colombiano.

De acordo com denúncias de familiares de desaparecidos políticos publicadas no jornal Público.es (na internet), os corpos encontrados podem ser de lideranças e ativistas das FARC e de movimentos populares.

Segundo reportagem de Antonio Albiñana publicada no citado jornal em 26/1/10, a vala, localizada atrás do cemitério do povoado, pode ser considerada a maior cova comum da história recente da América Latina e o número de cadáveres com etiqueta “NN” (sem identificação) pode passar de 2 mil. Ainda nesta reportagem, o secretário do Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos na Colômbia, que acompanhou uma equipe inglesa de advogados, lideranças sindicais e parlamentares à região, algumas semanas antes do início da descoberta, afirmou espantado que “O comandante do Exército nos disse que eram guerrilheiros tombados em combate, mas os moradores da região falam de uma multidão de líderes sociais, camponeses e defensores comunitários que desapareceram sem deixar marcas”.

A localização destes cemitérios clandestinos se intensificou após relatos de integrantes de grupos paramilitares de extrema direita, beneficiados pela “Lei de Justiça e Paz” atenua ainda mais as punições aos assassinos militares do velho Estado em troca da confissão de seus crimes. Um deles, John Jairo Rentería, admitiu que ele e seus homens enterraram pelo menos 800 pessoas.

Ainda segundo Albiñana, “o horror de La Macarena tem confirmado que na Colômbia existem mais de mil covas comuns com cadáveres sem identificação”.

Até finais do ano passado os médicos forenses tinham listado cerca de 2.500 cadáveres, dos quais identificaram a perto de 600 e os corpos foram entregues aos familiares.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Criminalização do movimento camponês

São Paulo

Lideranças, apoiadores e ativistas do MST são presos arbitrariamente


Nove pessoas entre apoiadores, ativistas e lideranças intermediárias do MST foram arbitrariamente presas nos municípios de Iaras e Borebi, interior de São Paulo, sob acusações referentes à tomada do latifúndio Cutrale em outubro do ano passado. Em uma operação deflagrada pela Polícia Civil, irônica e reacionariamente batizada de “operação Laranja”, na calada da madrugada, cerca de 150 policiais foram destacados para cumprir 20 mandados de prisão e outros 30 de busca e apreensão no estilo cinematográfico de “grande operação de desmantelamento”.

Segundo o delegado Roberval Antonio Fabbro, responsável pela centralização dessa operação, “os militantes estão temporariamente detidos” acusados de formação de quadrilha, furto, dano qualificado e esbulho possessório. Nenhuma linha sobre aquelas terras ocupadas pela Cutrale serem públicas e ocupadas ilegalmente pelo latifúndio. Dessa forma a reação tenta descaracterizar o caráter de luta pela terra e criminalizar o movimento camponês.

No dia 30 de janeiro, a juíza da 1ª vara da Justiça de Lençóis Paulista, Ana Lúcia Aiello Garcia, prorrogou ontem por mais cinco dias a prisão de sete pessoas a pedido do delegado Jader Biazon, que alegou “extrema e comprovada necessidade”. Enquanto isso, tentam reunir mais “provas” contra os acusados baseadas nos “danos” causados ao latifúndio durante a sua tomada pelos militantes do MST.

Desde o dia 26 encontram-se detidos o ex-prefeito do município de Iaras Edilson Grangeiro Xavier , a vereadora Rosimeire Pan D'arco de Almeida Serpa, o dirigente regional do MST Miguel Serpa, (foto) Máximo Alvino de Oliveiras,“Seu Máximo”, 60 anos; Paulo Rogério Beraldo, 22 anos; Anselmo Alves Villas Boas, o “Gaúcho”, 45 anos; e Carlos Alberto da Luz Serpa, 26 anos

Outros dois presos acusados de posse ilegal de arma, Jonas Oliveira dos Santos, 45 anos, e Laudemir Tani, 53 anos, foram soltos e vão responder o processo em liberdade.

Outras 13 pessoas estão com mandados de prisão expedidos pela Justiça do Estado burguês-latifundiário.


Santa Catarina

Justiça do latifúndio prende até quem pensa em lutar


Também no dia 26 de janeiro Lideranças camponesas foram presas por “suspeita de prepararem” uma tomada de terra em Santa Catarina. A presidente da Associação Comunitária Rural de Imbituba, Marlene Borges, grávida de três meses, foi detida no Presídio Santa Augusta, em Criciúma, onde teve crises de hipertensão.

O coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MST), Altair Lavratti, e o líder comunitário Rui Fernando da Silva Júnior, também foram encarcerados após sua prisão ser decretada pelo juiz Welton Rubenich, de Imbituba.

As lideranças são acusadas de planejar a tomada de terras da Zona de Processamento e Exportações (ZPE) e do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), mas todos são acusados de crimes comuns como formação de quadrilha, esbulho possessório (retirada violenta de bem imóvel), incitação à violência, entre outros.

E diga-se de passagem, todos foram presos por “suspeitas” e mera especulação de policiais infiltrados em reuniões e escutas telefônicas.

No dia 30 de janeiro um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça garantiu a liberdade para as lideranças presas.

Tamanho é o descabimento da política de criminalização e ostensiva perseguição ao movimento camponês, que para o latifúndio já não bastam os bandos de pistoleiros, sua força principal, a sua justiça, o aparato de repressão oficial. Há uma política contra-insurgente no campo, que proíbe a reunião, a mobilização e qualquer iniciativa das massas camponesas em luta pela terra.