quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Editorial 57 - Cresce a revolta, levantes se multiplicam

Em 1º de setembro a população de Heliópolis, a maior favela de São Paulo, deu mostras de grande combatividade ao enfrentar a polícia e controlar o bairro por mais de seis horas, erguendo barricadas, incendiando veículos, encurralando grupos de policiais e atirando pedras, paus e rojões na tropa de choque, atingindo na cabeça o oficial que comandava a tropa. Os protestos começaram no dia anterior, quando mais uma filha do povo, Ana Cristina Macedo, de 17, assassinada por um guarda municipal de São Caetano do Sul (portanto, fora de sua área de atuação), quando voltava da escola. Ana Cristina era mão de uma criança de 1 ano e 8 meses. Contra mais esse crime cometido pelo Estado e seus agentes, a população se revoltou.

Claro, novamente o monopólio dos meios de comunicação e a polícia tratou tudo como se fosse coisa de traficantes e outros bandidos, vândalos ensandecidos e estimulados por benefícios materiais. Transferem para o povo a sua própria moral degenerada...

O levante em Heliópolis foi o 9º este ano em São Paulo e revela um grande crescimento dos protestos que acabam se desdobrando em combates ferozes contra as forças da repressão. Lembremos apenas os casos de Paraisópolis, em fevereiro, e da favela do Jaçanã, de Tiquatira e outros, todos motivados por assassinatos de pessoas do povo ou contra crimes cometidos por agentes do Estado contra a população.

A escalada fascista combinada das gerências federal, estadual e municipal segue se desenvolvendo e as matanças continuam sendo praticadas pelas forças repressivas oficiais e auxiliares do Estado. Muros, perseguições, achaques, caçada a trabalhadores informais... As massas dão sinais de exaustão com tamanha exploração, miséria e repressão e se preparam também para grandes levantes.

Assim também em outras localidades explode a revolta das massas, como a que demoliu a delegacia de Cururupu, no Maranhão, no fim de agosto, apedrejou os policiais e libertou todos os presos. A população se voltou contra o órgão do Estado motivada pelo assassinato de um comerciante da cidade, cujo assassino estava preso na delegacia. O preso foi retirado de helicóptero enquanto a delegacia era destruída. Mesmo nesses casos as massas percebem que o culpado pela insegurança e pelos crimes bárbaros cometidos contra o povo, mesmo quando não são praticados por seus agentes, é o velho Estado.

A verdade é que as massas do Brasil todo estão fartas de tanta repressão e perseguição, do verdadeiro genocídio que está sendo perpetrado pelo Estado afundado na mais profunda crise de decomposição, quando os de cima não podem mais seguir governando como antes e ampliam a violência sobre o povo, principalmente o povo em luta por seus direitos.

E é justamente luta entre as frações das classes dominantes que possibilita a aparição de cada vez mais lutas do povo, abrindo brechas capazes de mostrar às massas a vulnerabilidade do velho Estado e que sua superioridade, hoje, é apenas relativa e que a tendência histórica é a vitória da revolução e a supressão do Estado fascista por outro de Nova Democracia.

Os sucessivos e ainda dispersos levantes denotam a infinita força das massas, que ainda carecem de uma direção revolucionária, capaz de dirigir seus golpes consequentemente contra seus inimigos de classe.

2 comentários:

Edivaldo GO disse...

As Massas vão Vingar Sempre!!!
Acontece que diante dessa situação, só resta mesmo às massas extravasarem seu ódio de maneira espontânea, em explosões que ocorrem no campo, nas grandes e pequenas cidades, cada vez com menor intervalo entre elas e com diferentes graus de organização. Falta-lhes sobretudo uma direção que mostre que seu problema particular é o problema geral do nosso povo e da nação brasileira.
A cada novo levante popular, todo o ódio das classes reacionárias vem à tona. Incomodam-se com o fato de que a população não mais se deixe explorar, agredir e humilhar pacificamente e antevêem o momento em que todos, ainda que parte por parte, os oprimidos se levantarão de forma organizada para derrubá-las, instituindo passo a passo o verdadeiro poder das massas que sempre fizeram a historia.

Anonymous disse...

Todos esses protestos justos nos mostram que não darão em nada se o povo não tiver uma direção consequente, que guie essa rebeldia de maneira consequente para a conquista de algo maior para todos os explorados: o Poder.


"A violência quando usada pelo povo é nada mais do que justa defesa"