O carnaval não começou com festa para os moradores do acampamento Maria Júlia Braga, na Universidade Federal Fluminense (UFF) situado no campus do Gragoatá em Niterói. Em dois anos de luta por moradia estudantil, os moradores acampados no gramado da universidade sofreram um de seus maiores golpes na tarde do dia primeiro de fevereiro, em plena sexta-feira de carnaval. Um despejo contra o acampamento reuniu o apoio das polícias federal e militar, sob coordenação da Justiça Federal em ação de reintegração de posse solicitada pela reitoria.
O local foi invadido e a ordem de despejo foi dada. Os moradores estavam dormindo quando a polícia chegou e foram obrigados, num prazo de 10 minutos, a retirarem-se sem ao menos levar seus pertences. Os estudantes só podiam levar o que conseguissem carregar. Eletrodomésticos, geladeiras e armários eram confiscados. No momento da invasão da área, estavam apenas quatro moradores, porque os demais estavam viajando.
A ação capitaneada pelo reitor Roberto Salles, de acordo com os estudantes foi apenas mais uma maneira brutal de tentar desestruturar o movimento organizado. Intitulado Maria Júlia Braga, o movimento é composto em grande parte por estudantes da UFF que precisam de moradia para manter seus estudos. O sindicato dos trabalhadores da universidade, a associação dos docentes e o DCE está há anos lutando pela moradia que possibilite aos estudantes concluírem seus cursos. As principais reivindicações giram em torno do aumentos dos recursos públicos para educação aliado a políticas contundentes de assistência ao estudante universitário.
Os moradores do acampamento estão alojados no DCE. Até agora nenhuma solução foi apresentada pela administração da UFF no que se refere a um alojamento digno para os estudantes necessitados.
Grande parte dos acampados é remanescente da Casa do Estudante Fluminense, de onde foram expulsos há cerca de dois anos, depois de muita perseguição por parte da reitoria da UFF. Maria Júlia Braga é o nome da senhora que doou há muitos anos o edifício onde funcionava a Casa do Estudante, que abrigava também estudantes de outras universidades e escolas públicas.
2 comentários:
E porque nao concentrar essess esforços em exigir que o governo federal crie essas moradias? Porque nao acampar na Esplanada do Ministério? Porque nao responsabilizar o Presidente ao invés de um reitor de Universidade? Creio que é justo o que cobram, tbm creio que o alvo deve ser outro...Mudem o foco.
Esses estudantes que se encontravam acampados até a expulsão residiam na Casa do Estudante Fluminense. Foram expulsos também da casa.
“Histórico - O acampamento estudantil no campus do Gragoatá já existe desde 2006 quando moradores da Casa do Estudante Fluminense se recusaram a aceitar a imposição de um estatuto interno que atentava contra uma série de direitos humanos. O movimento, denominada Maria Júlia Braga, é composto em sua essência por estudantes da UFF que necessitam de moradia para manter seus estudos. Os acampados, junto com o Diretório Central dos Estudantes (DCE), a Associação dos Docentes (ADUFF) e o Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal Fluminense (SINTUFF), estão há anos na luta pela construção da moradia universitária que garanta a permanência dos estudantes de baixo poder aquisitivo até a conclusão de seus cursos. Ampliação dos recursos públicos para educação e políticas sérias de assistência estudantil são algumas das principais reivindicações do movimento universitário.”
Como pode ser visto no histórico (dado pela APN – Agência Petroleira de Noticias, em artigo recente), o acampamento é um porotesto político, porém, é fruto de uma necessidade dos alunos de terem habitação, então eles estão lá não só para se oporem a reitoria e ao governo estadual e federal, mas também para estarem próximos a universidade onde estudam. 70% dos estudantes da UFF-Niterói são de fora do estado e tem problemas com relação a moradia, uma das mais significativas causas para a evasão.
em declaração ao JB Jairo Rodrigues estudante universitário, que afirma que o estatuto veda aos estudantes o direito de liberdade política e religiosa diz: estamos querendo defender a casa, não apenas as nossas vagas. Se um estatuto não foi discutido com os moradores, ele se torna nocivo à própria instituição.
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