Pelegos denunciam trabalhadores para o departamento pessoal das empresas. A difícil vida do operariado brasileiro torna-se, então, mais difícil. A organização da resistência a crescente exploração do trabalho assume formas dramáticas. A propaganda oficial das empresas e do governo mostra fábricas, como paraísos. E isso custa milhões. Mas muitas empresas estão deixando de fabricar as mercadorias e preferindo, apenas, revender produtos chineses. O lucro aumenta, porque na China seus trabalhadores, não tem direitos trabalhistas. Trabalham muito e ganham muito pouco, sem condições adequadas de trabalho. Então, a importação de produtos chineses e sua revenda torna-se um excelente negócio.
E se as empresas continuam produzindo, no Brasil, pioram salários e as condições de trabalho, para se tornarem mais competitivas ou, simplesmente, para seus proprietários, por não se importarem com os trabalhadores, aumentarem seus lucros. Um dos grandes negócios do momento está na venda de automóveis financiados a perder de vista. Muita gente está comprando carros novos e, sem se dar conta, vão caindo nas malhas dos bancos. Financiamentos que prenderão o financiado por anos e anos ao sistema financeiro. O que se pergunta é o que acontecerá quando essa fatia de mercado se esgotar? As fábricas fecharão suas portas? Demitirão milhares de trabalhadores? Como a indústria automobilística é um dos carros-chefe da economia, o efeito cascata será inevitável. Quantos mais ficarão desempregados e, desses, quantos não poderão mais pagar seus financiamentos, inclusive, de automóveis? Falidos e humilhados prisioneiros do sistema bancário e de seus juros escabrosos!
Hoje, nas fábricas, os salários não sobem, devidamente, apesar do aquecimento da economia. Exigem-se mais horas-extras dos trabalhadores, com base na estratégia do banco de horas. O operário, preso à produção mais e mais horas, acaba extenuado e doente e os acidentes de trabalho se multiplicam. E para o acidentado poderá começar um calvário sem fim. Para o patrão não haverá problemas, porque, com o desemprego em massa, sempre alguém pode aceitar qualquer condição insalubre de trabalho, desde que possa levar o pão para casa. Também, não há preocupação com a pontualidade nos pagamentos, seja de salário ou de 13º. O atraso pode se estender por meses.
O ambiente de trabalho que deveria ser agradável, mesmo se a tarefa fosse complicada ou pesada, se degenera a cada dia. Os banheiros imundos põem em risco a saúde daqueles que precisam utilizá-lo. A novidade é que agora os patrões restringem, inclusive, a ida a sanitários e mesmo as saídas para beber água. E a água é uma das bases fundamentais da vida humana. Quem não bebe água adoece, tem a produtividade rebaixada, se degrada. Os mais velhos se ressentem mais diante de tanta violência, praticada por aqueles, para quem a vida humana do outro é um detalhe irrelevante. Operário não é ser humano. Peão não é ser humano. Trabalhador não é ser humano. Humano é apenas o empresário, o burguês.
E aqueles que mais deveriam defender as classes trabalhadoras, os sindicalistas, acabam mudando de lado, ou porque desde antes já tinham o objetivo de, sem escrúpulos, usar os companheiros para seus objetivos pessoais, ou porque foram convencidos, no decorrer da luta, que a traição e seus prêmios valem mais. É o que tem acontecido com os líderes das centrais sindicais. Nas empresas, quando percebem o surgimento de focos de organização e resistência de trabalhadores, correm ao departamento pessoal da empresa, exigindo que sejam demitidos. Tem sido esse o papel da CUT, Força Sindical e CGT. A única saída é a organização na surdina e a explosão do movimento num momento que nem os patrões nem os capatazes nem os traidores estejam esperando. Estes últimos não traem por sete moedas, mas pelas montanhas de dinheiro que circulam, principalmente, nos grandes sindicatos, acrescidos ultimamente de mais 50 milhões, tomados do trabalhador, sem que se possa impedir, pois o desconto é feito a revelia.
(Este texto foi baseado no panfleto com o título Luta operária, que circulou em algumas fábricas do ABC, em São Paulo)
Um comentário:
El sendero de la vida.
Éste es el dulce
y tímido sendero
de la vida, aquí
la silente tristeza
del sol reside beata
como franca armonía,
y éste es el sueño,
el amor embelesado
que canta en la flor.
Francesco Sinibaldi
http://slovensko.com/forum/read.php?13,48384
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