quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ocupação da reitoria da UERJ completa duas semanas

Patrick Granja

Depois de prometer mundos e fundos a professores, alunos e funcionários da UERJ, Sérgio Cabral mostra-se cada vez mais despreocupado com a educação pública, e hábil em exterminar e criminalizar o povo, com o fortalecimento dos mecanismos de repressão do Estado, como a polícia. Em contrapartida, na UERJ — assim como em toda a educação pública — restam cada vez mais ruínas e menos recursos. Faltam professores, as bolsas estão defasadas e muito restritas, não existe transporte intercampi e, para piorar a situação, há anos a lei estadual que destina 6% do orçamento líquido do Estado para a Universidade vem sendo descumprida pelos gerentes estaduais, como Cabral.

Preocupados com essa situação, há quinze dias (9) professores da UERJ — com os salários congelados há oito anos — reuniram-se em Assembléia e decretaram greve por tempo indeterminado. No dia seguinte, funcionários decidiram realizar uma paralisação de dois dias em repúdio à contra-proposta do governo para a pauta de reivindicações da categoria, na qual os técnico-administrativos nem ao menos estavam incluídos.

Impulsionados pelo movimento dos profissionais e, pela catastrófica situação da Universidade, mais de 700 estudantes reuniram-se em duas assembléias, no dia seguinte às de professores e funcionários, e além de decidirem pelo apoio à greve, ocuparam a reitoria e prometeram só sair quando tivessem todas as suas exigências atendidas.

Na Assembléia, quando surgiu a idéia de ocupar o local da reitoria, pelegos — com adesivos de candidatos colados por todas as partes do corpo — tentaram a todo o momento desarticular a massa de mais de 500 estudantes, que fez ouvidos moucos à pequenez dos oportunistas e ocupou a reitoria.

Consolidada a ocupação, os estudantes realizaram uma nova Assembléia, decidindo pela ampla maioria que as pessoas ligadas a qualquer partido não poderiam usar adesivos de candidatos, nem trazer bandeiras dos partidos para dentro da reitoria. Eles tiveram que retirar os adesivos e guardar as bandeiras na mesma hora.

Na Assembléia também foi decidida a proibição do uso de álcool e drogas dentro da ocupação e pela criação de algumas comissões, das quais todos deveriam participar ativamente. Eram elas, comunicação, estrutura, cultura, segurança, entretenimento, comissão jurídica e de negociação. Todas estão funcionando muito bem, com destaque para a de cultura, que já realizou palestras, seguidas de shows, com o hip-hop do grupo LUTARMADA e o MC Leonardo, juntamente com Deley de Acari, dois homens que lutam pela politização das letras de funk. O Mc Waldinho, que também participaria da palestra, foi importunado por seguranças da Universidade, levado a uma sala e literalmente interrogado. Constrangido, o cantor foi embora.

A música e a arte não param. Na segunda-feira, dia 15, a ocupação recebeu a visita ilustre do cartunista Latuff, que presenteou os estudantes com desenhos muito criativos. Nas paredes, diversos murais com imagens bem selecionadas, desenhos, recorte de jornais e etc. O ambiente é sempre limpo e a comida é distribuída coletivamente. A comissão de estrutura, acompanhada de um agente de segurança da UERJ, inventariou todas as máquinas e móveis da reitoria.

No domingo, de acordo com informe no Blog da ocupação, por volta das 17:40h, a energia elétrica foi cortada e os estudantes foram proibidos de entrar na UERJ. De acordo com relatos de estudantes, seguranças se infiltraram na ocupação e estão destruindo e roubando documentos dos estudantes. O clima foi hostil, até que, na segunda-feira, os estudantes decidiram em assembléia que o retorno da energia elétrica seria uma condição para a continuidade das negociações. Hoje, (24) o fornecimento de luz foi normalizado e os estudantes realizaram um ato às 13h na porta da Universidade.

Saiba informações mais detalhadas da ocupação e como participar no Blog:

http://uerjocupada.blogspot.com/



2 comentários:

Anonymous disse...

É lamentável estudantes ter que invadir a reitoria para dialogar com quem sempre deveria escutar os alunos! Mas, por outro lado, sabemos que quem sempre teve o comando da UERJ, pelo menos desde que o Lula entrou, foi e ainda é a turma do PT. É! Isso mesmo! A turma do PT da boquinha! Aquela da tal Benedita! E aí? E agora? Não é a tal classe burgueza que comanda a UERJ e sim a turma do PT da boquinha com salários pra gastar com muita cerveja e samba. Os próprios alunos sabem quem são! UERJ/PT da boquinha são unha e carne! Vamos a luta, pois!

Anonymous disse...

Estudante Unido Vai destroçar todo oportunismo!!

O movimento estudantil brasileiro atingiu seu auge na década de 60, na luta contra a gerência militar e o acordo MEC-USAID1. Neste momento o movimento estudantil radicalizou-se, participando ativamente, não só das demandas estudantis, mas de todas as lutas do nosso povo. Um movimento estudantil combativo e rebelde, que tinha como princípio servir ao povo e à transformação do sistema. Estudantes que não se furtaram de enfrentar a repressão genocida perpetrada pela gerência militar, que não abandonaram a luta revolucionária e verteram seu sangue na defesa dos interesses do povo.