segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Corrupção policial: praxe de um Estado podre dos pés à cabeça

Patrick Granja

Nos últimos dias o monopólio dos meios de comunicação não poupou atenções ao desfecho do atropelamento de Rafael Mascarenhas, de 18 anos, filho da atriz da Rede Globo Cissa Guimarães. Na madrugada do dia 20 de julho, o rapaz e seus amigos aproveitavam a interdição do túnel Acústico, na zona sul do Rio de Janeiro, para andar de skate no local, momento em que Rafael foi atingido. O veículo que o atropelou era dirigido por Rafael de Souza Bussamra, de 25 anos, que supostamente, disputava um “pega” — como são conhecidas as corridas de carros clandestinas — com Gabriel Henrique de Souza Ribeiro, de 19 anos. Os dois são filhos de famílias ricas e moram na região mais nobre do Rio de Janeiro.

Câmeras de segurança na saída do túnel flagraram uma demorada conversa entre o atropelador, o cabo Marcelo Bigon e o sargento Marcelo Leal Martins, ambos lotados no 23º BPM (Leblon). Depois de receberem propina de mil reais do engenheiro Roberto Bussamra, pai de Rafael, os PMs liberaram o acusado.

Nos dias seguintes, atiçados por mais um de muitos casos de corrupção policial no Rio, os reacionários de plantão incrementavam suas reivindicações por “melhores salários para a polícia” como solução para o problema de “desvio de conduta”. Mas a corrupção da polícia no Rio de Janeiro, que não é novidade para ninguém, não se limita a casos de infração de trânsito. Quem não se lembra do assassinato de Evandro João da Silva, coordenador do AfroReggae que reagiu a um assalto no Centro do Rio e foi morto pelos bandidos? Parados pela polícia, os criminosos foram estorquidos pelo capitão Denis Leonard Nogueira Bizarro e o cabo Marcos de Oliveira Salles — que lhes tomaram os objetos roubados de Evandro — para serem liberados em seguida.

Mesmo quando processados, policiais civis ou militares raramente são condenados e presos, comprovando também o corporativismo entre as polícias, as corregedorias e os magistrados. Até mesmo em casos de chacinas, como as de Vigário Geral, Candelária, do Complexo do Alemão, da Baixada e de Acari, os policiais envolvidos não sofreram punição alguma. Nesse último caso, três meninas e oito garotos da favela de Acari foram seqüestrados por policiais e até hoje, 20 anos depois, seus corpos não foram encontrados e os assassinos continuam soltos.

O sociólogo Ignacio Cano, em seu livro Quem Vigia os Vigias, comparou dados das ouvidorias do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Pará. Segundo a pesquisa, no Rio, uma em cada três denúncias anônimas anotadas pela ouvidoria é referente a casos de corrupção policial, sendo essa a maior média do Brasil.

Com a publicidade de mais este caso de suborno suborno policial, pulularam manchetes no monopólio da imprensa com críticas aos policiais seguindo o tom ditado pelo gerente de turno Sérgio Cabral e seu secretário de segurança pública, José Mariano Beltrame, que os taxou de “frutas podres na corporação”. Com o arrefecimento do caso, passaram a publicar casos “heróicos” em que policiais recusavam propinas e prendiam aqueles que tentavam comprar sua cumplicidade em pequenos delitos.

Esses fatos são reveladores de que a corrupção é a praxe do velho Estado. Nada diferente poderia se esperar de suas hordas que reprimem e assassinam o povo pobre diuturnamente.

3 comentários:

Anonymous disse...

Camaradas, o monopólio dos meios de comunicação na data de hoje 03.08.2.010 ao noticiar o conflito na Polônia entre o novo gerente polaco e a administração anterior volta a levantar a intriga de Katyn atribuindo ao grande Stálin o Massacre de oficiais poloneses realizado pela gestapo nazista. assim, vale a palavra de ordem: abaixo o absolutismo, o totalitarismo e o despotismo esclarecido burguês.
sem mais para o momento.
saudações cordiais.
Candeeiro Vermelho

Boca de Caêra disse...

pois é companheiros, não é só no Rio de Janeiro não.

Em Alagoas a uns anos um grupo de PM's fascistas começaram a exterminar jovens pobres. Ele usavam capus e se autodenominavam os "NInjas".

Em uma noite calma da cidade de União dos Palmares, 3 policiais abordaram e execultaram sem maiores questionamentos 4 jovens que saiam de uma festa, todo com faixa etária de 13 a 14 anos. o local onde os menisnos foram assassinados é conhecido até hoje como "ponte do mata 4".

atualmente todos os criminosos estão livres, inclusive o cabo valdir, que ainda atua na cidade e continua cometendo seus crimes.

Anonymous disse...

Camarada, Boca de Caêra, bato na mesma tecla sem sair do tom.
Ontem dia 06.08.2.010 sexta-feira assisti no jornal da Record que a Polícia Técnica da Polícia Federal montou um laboratório para análise das águas das cidades para localizar vestígios de consumo de drogas. Ora, companheiro , que prova mais cabal de fascismo. Investigar toda a população para descobrir o consumo de drogas. Certamento é inconstitucional lançar uma ampla rede sobre a população para descobrir quem usa drogas. Além do mais viola os mais conhecidos princípios da intimidade privacidade, sigilo de dados. Ora, a Polícia Federal ao invés de proteger as fronteiras e perseguir o tráfico de drogas no atacado persegue a população.
posto isto, abaixo o absolutismo, totalitarimo e despotismo esclarecido burguês.
E.T. obrigado pela fotos.
Genivaldo Barbosa
o cabeça-chata