Comitê de apoio a AND em São Paulo

Como já era de se esperar a resposta não foi satisfatória e no dia 06 de outubro em assembleia, os estudantes deflagraram greve tendo como principais reivindicações:
- Auxilio moradia, transporte e alimentação;
- Restaurante Universitário;
- Piscina, laboratórios e materiais adequados para a realização das aulas e pesquisas;
- Aumento do espaço físico da biblioteca;
- Mais computadores funcionando com os programas necessários para realização dos estudos e pesquisas;
Os cursos oferecidos nessa unidade são de Psicologia, Terapia ocupacional, Fisioterapia, Educação Física e Serviço Social e há 5 anos os estudantes estão instalados num local provisório divididos em 2 unidades distantes.
No dia 21 do mesmo mês, houve uma assembleia no campus Guarulhos (região metropolitana de São Paulo), na qual os estudantes também decidiram pela greve. A pauta tinha como principais reivindicações:
- Construção imediata do prédio definitivo do campus;
- Diminuição do preço da refeição do bandejão. Fim da terceirização do restaurante universitário;
- Implantação imediata da linha de ônibus metrô Itaquera (SP) ao Bairro dos Pimentas (região onde se localiza o campus) ;
- Construção de moradia estudantil próxima a universidade;
- Garantia da conclusão da graduação (não ser jubilado antes dos 8 anos de curso);
- Ampliação do espaço da biblioteca para receber os 20 mil livros arrecadados na feira do livro realizada este ano;
Com muita disposição de luta, ambos os campi seguiram resistindo e organizando um movimento cada vez maior: no dia 22 de outubro houve participação na reunião do CONSU (Conselho Universitário), seguida de uma caminhada de protesto até o novo prédio da reitoria, além das várias atividades de greve como grupos de discussões, aulas públicas e assembleias, sendo uma delas unificada com as demais unidades: Diadema, São Paulo e São José dos Campos. Moções de apoio dos trabalhadores, professores e outras entidades foram enviadas.
No dia 09 de novembro após a mesma atividade todos seguiram em ato até a reitoria para entregar ao reitor Walter Manna Albertoni uma pauta unificada.
A manifestação estudantil demonstrou que somente com a radicalização pode se conquistar qualquer reivindicação, já que quando chegaram em frente ao prédio tentaram de todas as formas serem recebidos pelo reitor com a palavra de ordem: “Desce Albertoni, desce!”. Ele resistiu em responder e todos insistiram com o protesto gritando: “Albertoni, pode descer, tem uma árvore esperando por você!” (fazendo alusão a sua declaração: “... O mais importante em uma universidade é professor bom e alunos bem selecionados. Com isso, pode se ter aula até embaixo de uma árvore” (O Estado de São Paulo 22/03/2010). Ao respondê-los disse que a porta estava aberta, porém o portão estava repleto de seguranças e policiais prontos para recebê-los com empurrões e sprays de pimenta.
Após muita resistência, o reitor finalmente atendeu ao chamado, comprometendo-se em responder a carta no prazo de sete dias, não escondendo sua postura antidemocrática dizendo “que aquilo era uma palhaçada!”.
A carta foi respondida, porém sem nenhuma garantia de cumprimento das reivindicações estudantis.
Os campi Baixada Santista e Guarulhos mantiveram sua greve por mais de 40 dias, sendo que a primeira unidade contou com a adesão dos professores no decorrer da mobilização.
Os problemas das condições de ensino da Unifesp são consequência do famigerado projeto REUNI (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), parte do plano de contrarreforma universitária do Banco Mundial, executado pelo gerente Luiz Inácio ao longo de seus dois mandatos.
O projeto foi decretado às universidades federais brasileiras em 2007 e desde então todas elas vêm sofrendo seus desdobramentos. Nos últimos 4 anos, a Unifesp, por exemplo, multiplicou seis vezes o seu número de matrículas. Eram 1.150 antes do REUNI e hoje passam dos 7 mil, porém sem o aumento de verba correspondente, gerando a falta de assistência estudantil, a precariedade das instalações, o aumento do número de alunos por professor.
Atualmente, ela conta com 5 campi, além de Osasco (região metropolitana de São Paulo), que ainda não iniciou suas aulas, sendo previstas para 2011 no prédio da FAC-FITO (Faculdade de Ciências da Fundação Instituto Tecnológico de Osasco), mantido por uma fundação pública de administração indireta da prefeitura de Osasco (PT) e do campus de extensão universitária no município de Embu das Artes (também região metropolitana), inaugurado em parceria com sua prefeitura em setembro de 2010.
A expansão da universidade vem sendo feita dessa forma, em parceria com diversas prefeituras para concretizar as metas exigidas pelo REUNI, pois como o projeto não prevê o aumento de verbas de acordo com as novas necessidades, as instituições saem em busca de “doações” e “parcerias”, sejam elas públicas ou privadas para complementarem seus escassos recursos.
Essa é a tão aclamada “expansão universitária” que o governo Lula/Banco Mundial não se cansa de propagandear. O caso da Unifesp é um dentre outros exemplos que demonstram quanto custa o programa demagógico de “expansão” imposto às universidades federais brasileiras.
*Nota da redação de AND: A edição de dezembro, nº 72, de A Nova Democracia trouxe uma matéria sobre a greve da Unifesp, na qual várias informações encontravam-se incorretas ou confusas. Recebemos algumas críticas de estudantes da Unifesp e de nosso Comitê de apoio em São Paulo, que havia preparado um texto base que não foi corretamente utilizado na edição da matéria. O presente texto foi preparado pelo comitê, corrigindo as informações e atualizando alguns dados sobre o movimento.
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