terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pela imediata punição dos assassinos do Companheiro Elias e pela desapropriação da Usina Utinga

Reproduzimos nota da Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste

No dia 8 de dezembro, quarta-feira, às 17 horas, o companheiro Elias Francisco Santos da Silva foi assassinado dentro do Acampamento Lageiro, município de Messias (Alagoas) em terras da Usina Utinga. Foi um assassinato covarde e brutal, o companheiro foi morto com três tiros de escopeta, calibre 12, sendo um deles disparado contra seu rosto. Logo após o ataque, as famílias acampadas, com medo, abandonaram a área. A própria PM quando chegou ao local do crime foi recebida a tiros pelos assassinos que ainda estavam de tocaia na mata.

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O assassinato do companheiro Elias ocorreu num momento de crescentes ameaças da chamada “segurança” da Usina Utinga devido ao despejo que estava para ocorrer a qualquer momento. No dia 18 de agosto, o Movimento Terra e Liberdade protocolou denúncia no Ministério Público Federal revelando “a existência de grupo paramilitar na Usina Utinga Leão”. Segundo a denúncia do MTL: “A partir daí a Usina ingressou com ação de despejo e, não conformada passou a usar de expediente extrajudicial, com a atuação de grupo paramilitar, pistoleiros se dizendo vigias (…) que andam armados de revolveres, pistolas e espingardas calibre 12 (…).”

A História do Companheiro Elias

O companheiro Elias morreu aos 31 anos, era casado e deixou 6 filhos com sua companheira. Era um homem trabalhador, simples e sempre bem humorado. Começou a participar na Liga dos Camponeses Pobres em 2009 e desde a tomada das terras da Utinga coordenava o acampamento. Em abril, participou da Reunião Nacional das Ligas de Camponeses Pobres em Goiânia, onde assistiu a homenagem a históricas lideranças camponesas no Brasil, como Alípio de Freitas, Alexina Crespo, Elizabeth Teixeira. Nesta oportunidade também participou da manifestação em Brasília, em frente a embaixada da India, contra a “Operação Caçada Verde”, movida pelo velho Estado indiano contra os povos Adivasis e as castas inferiores. A última luta do companheiro Elias foi o fechamento da BR-101 para resistir a injusta reintegração de posse da Usina Utinga. Durante o pouco tempo em que participou da LCP demonstrou ser um companheiro de luta e com boa relação com todos, seguramente fará muita falta para o avanço da luta pela terra em Alagoas. Por tudo isto, os assassinos do companheiro Elias devem ser identificados e punidos!

Quatro meses se passaram desde esta denúncia e nada foi feito para proteger os trabalhadores. Ao contrário, os últimos meses foram repletos de ações truculentas por parte dos pistoleiros da Usina Utinga. No dia seguinte da morte do companheiro Elias seis capangas foram ameaçar as famílias do Acampamento Esperança, dirigido pelo MTL. Na ação de despejo, em novembro, contra as famílias acampadas nas terras da Utinga, os pistoleiros atearam fogo nos barracos do Acampamento Riacho de Pedra antes que os camponeses tivessem tempo de retirar seus pertences. Estes são apenas alguns exemplos das ameaças constantes sofridas pelos trabalhadores.

Histórico da Luta

Desde 2009, a Usina Utinga Leão, estava em visível processo de falência, sem renovar seus plantios de cana e sem pagar os salários atrasados. Diante da crise surgiram boatos que a Usina seria vendida para um grupo estrangeiro, então camponeses organizados pela Liga dos Camponeses Pobres, MTL e CPT decidiram tomar parte das terras da Usina Utinga como forma de assegurar os direitos dos trabalhadores. A maior parte das famílias acampadas era de ex-trabalhadores da Usina Utinga Leão, prejudicados pelos constantes calotes dos usineiros.

Apesar do processo de falência e das constantes ameaças, a desapropriação das terras da Usina Utinga não está garantida. Todas as decisões judiciais, para variar, foram favoráveis aos usineiros. O Incra, como sempre, atuou de maneira extremamente lenta, sendo este órgão o único capaz de resolver o conflito. As ameaças prosseguiram, o companheiro Elias foi assassinado e até agora nenhuma decisão favorável aos camponeses. Esta é a verdadeira face da falsa “reforma agrária do governo”. Agora uma reunião foi marcada em Brasília com o Incra e mais do que nunca as terras da Usina Utinga devem ser desapropriadas!

Companheiro Elias: Presente!

O povo quer terra e não repressão!

Terra para quem nela trabalha!

Um comentário:

Boca de Caêra disse...

Viva a Revolução Agrária!
O Povo Quer Terra, Não Repressão!
Abaixo a Criminalização a Luta Camponesa!