quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Camponeses relatam torturas e exigem terra em Audiência Pública

No dia 08 de janeiro de 2007, às 15 horas, em Redenção (PA), foi realizada uma Audiência pública, convocada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Pará, atendendo ao pedido da Liga dos Camponeses Pobres do Pará e Tocantins, para ouvir os camponeses atingidos pela violência da Operação “Paz no Campo”. A audiência teve lugar na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Redenção.

A Liga dos Camponeses Pobres promoveu uma ampla mobilização na região. Carros de som rodavam por toda a cidade, anunciando a Audiência Pública. Os presos foram libertados, criando um clima de otimismo com a vitória e revolta contra o Estado, a polícia e o latifúndio.

Os operários do Frigorífico Redenção, em greve há 17 dias, também anunciaram seu apoio aos camponeses da Forkilha. No dia 8, pela manhã, a L.CP foi convidada a participar em um programa de rádio local. O programa foi escutado por grande parte da população, que participou amplamente pelo telefone.

Toda essa agitação fez com que os latifundiários locais promovessem uma resposta política. Várias entidades patronais assinaram um documento em defesa da Operação “Paz no campo”, inclusive em out doors. Espalharam faixas em defesa da polícia por toda a cidade.

O auditório ficou lotado durante toda a Audiência e centenas de camponeses e trabalhadores da cidade se concentraram em frente a OAB para ouvir os relatos. A massa se apertava no auditório, com o objetivo de denunciar tudo que estava guardado no peito. Um carro de som transmitia ao vivo toda a Audiência. Mesmo com calor intenso, os camponeses e a população local permaneceram na praça até o final do evento.

A rua foi fechada pelos camponeses, que colocaram faixas, exigindo a desapropriação imediata das Fazendas Forkilha e Bradesco e condenando a Operação “Paz no Campo”.

A Liga convidou vários acampamentos que sofreram a ação da Operação “Paz no campo”. As intervenções denunciaram a ação do Estado. Os representantes dos acampamentos contaram de forma emocionante o sofrimento pelo qual passaram.

Todo o comando da polícia participou da Audiência, incluindo Polícia Civil, Militar e Federal, além do Ibama. O advogado do latifundiário Tarcísio Andrade, filho de Jairo Andeade, também esteve presente e defendeu a Operação “Paz no campo”. Mas ele foi obrigado a engolir suas palavras depois dos protestos dos camponeses presentes. Todos foram obrigados a ouvir os relatos e denúncias dos camponeses, que não se amedrontaram diante deles.

No final da audiência, os camponeses continuaram na porta da OAB, onde usaram o microfone para fazer mais denúncias e reafirmar o desejo de conquistar uma terra para viver com dignidade.

Um comentário:

Maciel disse...

Até quando o Estado vai ser submisso aos latinfundiários antigos e novos? Antes eram indivíduos que tomavam terras públicas... Hoje são empresas privadas... O Estado tira de si toda a responsabilidade social pela igualdade, e diz: Viva a diferença que maltrata.
Maciel Carneiro - macielcarneiro@gmail.com