quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Tal como prevíamos

Há mais de um ano, AND antecipou qual seria a decisão de Luiz Inácio no caso da extradição ou concessão de asilo político do italiano Cesare Battisti, bem como as razões pelas quais ele optaria pela concessão do asilo.
Veja no editorial da edição 60 de AND, de dezembro de 2009. (Colocar este link http://www.anovademocracia.com.br/no-60/2565-editorial-a-qpolitica-externaq-de-um-gerente-de-turno-semostrador )

Mesmo diante da indigesta questão da extradição do italiano Cesare Battisti para a Itália, Luiz Inácio não perde a pose olímpica. Battisti, que foi condenado à prisão perpétua, acusado por quatro mortes na década de 1970, quando fazia parte da organização Proletários Armados pelo Comunismo, há muito tempo renegou a luta armada revolucionária e se encontra há quase um ano preso no Brasil. Ele aguarda na penitenciária da Papuda, em Brasília, um pronunciamento do gerente de turno sobre sua extradição para a Itália ou manutenção da concessão de asilo político. No Brasil, Battisti teria cometido o crime de falsidade ideológica, por ter usado documentos falsos quando da fuga da França para cá. Seu inquérito, no entanto, já está concluído há meses.
Interessante mesmo nesse candente tema de relações internacionais é o silêncio covarde dos ocupantes do Planalto frente à situação de outro estrangeiro preso no Brasil. Maurício Norambuena, que igualmente foi condenado a prisão perpétua no Chile por crimes políticos, inclusive um atentado contra Pinochet, e que foi condenado no Brasil pelo sequestro do publicitário Washington Olivetto, em 2002, encontra-se ilegalmente encarcerado no draconiano Regime Disciplinar Diferenciado há quase 8 anos. O RDD é um regime de uma crueldade sádica de isolamento absurdo que sequer com o carcereiro pode haver comunicação do condenado e prevê o tempo de suplício por 360 dias, podendo se repetir por nova falta grave da mesma espécie até o limite de um sexto da pena aplicada. O que no caso de Norabuena seria de cinco anos.
O Estado chileno igualmente solicitou a extradição e o Supremo Tribunal Federal a autorizou, desde que Norambuena cumpra até 30 anos de prisão, que é o máximo previsto na legislação brasileira.
No caso Battisti, depois de dez meses de vai-vens no Supremo Tribunal Federal, novamente a bomba cai no colo do "executivo", cabendo a Luiz Inácio, em sua prerrogativa de presidente do país, decidir o destino do italiano. No seu incontido afã de poder pessoal, o personalista gerente de turno deve escolher entre cumprir as ordens do imperialismo — como faz em relação ao que é fundamental da economia e política do país — e a decisão pela manutenção da concessão do asilo. E será esta última sua posição. E a tomará não por questões humanitárias, de justiça ou qualquer convicção política progressista — se lixa para tudo isso —, mas exclusivamente pela conveniência de vender a imagem de estadista independente, de olho gordo no futuro.

Um comentário:

Marco Antonio disse...

Acredito que "a farsa" engendrada pelo maquiavélico ex-presidetne Luis Inácio e seus aceclas é mto maior que do que o vosso e ingênuo comentário "Tal como prevíamos". Pq?
Senhores, a declaração de concessão de asilo político a C. Battisti no minutos finais do espetáculo circense do governo foi uma maneira de "empurrar o abacaxi prá frente" e, novamente, deixar o caso nas mãos do reacionário STF. Agora sim, como todos podem prever (não precisamos nos arvorar do espírito do tal futurólogo Osmar Cardoso), infelizmente C. Battisti volta á Itália e lá sofrerá pressões do governo Berlluscone.
Abç.