terça-feira, 14 de setembro de 2010

Eleições, nem que à bala.


Stephane Peray, «The Nation» 21/08/2009
O mesmo imperialismo ianque que, nas décadas de 1960 e 70, determinou que as eleições estavam “fora de moda” e substituiu inúmeros governos eleitos por truculentos generais, hoje postula que apenas governos “eleitos” tem legitimidade.
Para garantir seu teatro eleitoral se utiliza do que for necessário, variando do monopartidismo dissimulado, no caso do Brasil, até a ocupação armada para “garantir o pleito”, como o que ocorrerá no sábado no Afeganistão. No primeiro caso, lança uma intensa propaganda antes do pleito para praticamente obrigar o povo a votar e depois para esconder o crescente nível de rejeição ao sulfrágio. No segundo, isto não basta, o povo afegão rejeita a farsa eleitoral com armas em punho em vigorosa guerra de libertação nacional. Resta aos imperialistas fazer uma gigantesca campanha de difamação contra a resistência e garantir o pleito à bala com seus 100 mil soldados no Afeganistão, não importando os desejos das massas daquele país, que os querem longe de lá o mais rápido possível.
Eleições "democráticas" de 2009
Não é por acaso que Steffan de Mistura, representante especial da ONU em Kabul, considera um verdadeiro milagre a organização das eleições. Este, como tantos outros, é uma farsa engendrada para enganar os incautos. Mistura afirma ainda que "Em um mundo ideal, teria existido um momento melhor para organizar estas eleições, já que o Afeganistão vive um período muito crítico". Afirma ainda que “No entanto, se as eleições não acontecessem, a Constituição seria fragilizada", e que que "neste caso, a mensagem enviada seria a de que a democracia não tem futuro no Afeganistão".
O milagre em questão é operado pelas armas ianques para impor sua receita de dominação, e a constituição a ser fragilizada é aquela também imposta pelo impérium. O que não tem futuro no Afeganistão é a ocupação, a democracia é um problema que as massas afegãs terão que resolver.

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