terça-feira, 21 de setembro de 2010

Manifestação popular em Buenos Aires


Na sexta-feira, 16 de setembro, se relembrou o 34º aniversário da “Noche de los lápices” (a noite dos lápis), emblemática ação do terrorismo de Estado acontecida na última gerência militar na Argentina, quando dez estudantes secundaristas da cidade de La Plata foram sequestrados e torturados ,sendo seis deles assassinados. Os autores do crime foram os serviços de inteligência do exército e a polícia da província de Buenos Aires, seguindo ordens da cúpula militar. Estes jovens, poucos meses antes, ainda antes do golpe de Estado de março de 1976, tinham participado de um simples protesto para reivindicar meia tarifa nos ônibus para os estudantes.
Este fato só foi elucidado em 1985 quando um dos sobreviventes testemunhou no julgamento das juntas militares.
O povo argentino, mais uma vez, dá o exemplo de não esquecer os seus mártires nem conceder impunidade aos assassinos. Os militares terroristas ,responsáveis por mais de 30 mil desaparecimentos-assasinatos, em sua maioria cumprem severas penas, até prisão perpétua, e os julgamentos continuam.
Mas, a já tradicional marcha que todo dia 16 de setembro percorre as ruas do centro de Buenos Aires, desde a Praça do Congresso até a Praça de Maio junto a Casa Rosada, não se limita a homenagear as vítimas da Noche de los lapices, é um dia de luta. Estudantes e diversos movimentos sociais legítimos juntam as suas bandeiras.
A grande manifestação, com mais de 20 mil participantes, transcorreu absolutamente sem incidentes, principalmente por que nenhuma força policial acompanhava o evento. Uma quase imperceptível força de choque permaneceu escondida junto a Casa Rosada. Palavras de ordem, cartazes e faixas demostravam a diversividade e riqueza das causas: “Nem casa sem gente, nem gente sem casa”, “Liberdade à Palestina” “Viva os Mapuches!”
Ha mais de um mês secundaristas mantém ocupadas cerca de trinta escolas, exigindo manutenção dos prédios sucateados. Os professores iniciaram greve por melhorias salariais. Nas universidades públicas, onde mais de 500 professores foram demitidos,  também se reclama por aumento do orçamento.
Todos tiveram voz nas ruas e no palco montado. Uma inesquecível festa popular de homenagem, concientização e luta carregada de emoção.
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